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O Brasil é um país lindo. Belas praias, belas mulheres, um povo sorridente, paisagens deslumbrantes, uma economia crescente e pronta para produzir boas oportunidades de vida e de negócios. Desde que você tenha estômago para encarar o desafio de empreender num mar de corrupção e sob leis que tornam o empreendedorismo um pecado.
Dizem que o Brasil é pacífico e até que aqui não há terrorismo. Mas, em muitas cidades, o povo só pode ir as ruas quando os terroristas deixam e mesmo assim; deve tomar extremo cuidado para não ser atingido por armas de guerra, granadas ou bombas incendiárias atiradas no transporte público.
Falam também em um povo pacífico, ordeiro e sempre disposto a ajudar. Mas se esquecem que esse comportamento pacífico do brasileiro pode disfarçar uma enorme omissão, que o comportamento ordeiro pode significar na verdade uma covardia extrema para mudar o seu destino e a disposição em ajudar; pode mascarar apenas a resignação de um povo que desistiu de lutar por uma vida melhor.
Outra coisa que dizem também por aí; é que o Brasil é uma democracia. Mas eles esquecem que, numa democracia, as leis devem ser respeitadas e que o seu descumprimento é punido com rigor. Como uma nação em que o congresso recusa-se a cumprir uma ordem da máxima corte de justiça, achando-se acima da lei, e colocando o país a beira de uma crise institucional e de uma ação militar para restaurá-la (basta que o STF ordene a prisão da mesa do senado e ela se recuse a se entregar. Quem será chamado? Isso mesmo, leitor, o exército terá o dever constitucional de restaurar a normalidade legal) pode ser chamada de democracia?
Você, leitor assíduo do blog, pode achar um exagero e imaginar que eu estou apenas me lamuriando. Você, que chegou aqui vindo dos buscadores da Internet e é esquerdista de carteirinha, pode achar que eu sou um membro desiludido da burguesia reacionária anti-Lula e que beijo os caminhos por onde FHC passa.
Na verdade; nenhuma das duas coisas. Sou apenas um brasileiro comum; habitante de uma grande cidade e que tem uma boa memória. Isso, muitas vezes, é por si só uma terrível maldição. Pois, da mesma forma como a ignorância e a alienação podem ser tratadas como bênçãos (afinal, se você desconhece um problema; ele não existe até arrebentar na sua cara); uma boa memória pode trazer lembranças que as outras pessoas não têm e essas lembranças podem acabar te jogando na vala comum dos “chatos de galocha” e dos “desmancha prazer”.
Esse efeito é muito simples de explicar: Quando todo mundo comemorava a vitória do Rio na disputa para sediar as Olimpíadas de 2016 e a Copa do Mundo de 2014; eu estava cético e me preocupava com o “banho de sangue” dos cofres públicos que essas competições representariam. A exemplo do que aconteceu nos jogos do PAN; inúmeras promessas foram feitas e o famoso “legado dos jogos” era cantado e decantado em versos e em prosa. Ai de quem fosse contra a verdade absoluta do verdadeiro paraíso em que a cidade do Rio seria transformada pelo PAN. A verdade foi bem outra. As obras custaram 300% acima do orçamento inicial e a cidade faliu. Uma epidemia de dengue, logo após os jogos, matou mais de trezentos cariocas e a coisa só não foi pior porque o governo federal foi obrigado a intervir (pela prefeitura carioca; não havia epidemia e nada precisava ser feito).
A verdade, mais uma vez, mostra que minha memória estava correta em lembrar desse ocorrido. A polícia carioca prendeu mais 30 pessoas, ligadas a empreiteiras, que fraudavam licitações e se preparavam para “entrar na festa” da Copa e das Olimpíadas. Sem contar que esse mesmo grupo já atua há 20 anos e pode ter desviado mais de 100 milhões de reais (só aqui no Rio e nos últimos dois anos). O mais engraçado; é que elas estão sendo investigadas em outras ocorrências e já são famosas no que fazem. Mas o Estado e a União continuam contratando seus serviços.
Um outro exemplo claro de que minha memória é uma maldição; é o aumento das contas de luz de residências e indústrias do Rio e de mais trinta outros municípios. Lembram-se quando Lula cedeu aos paraguaios e salvou o presidente Lugo de uma crise ao render-se a absurda reivindicação de revisão dos preços que o Brasil paga ao Paraguai pela energia elétrica que compra de Itaipu? Com o tratado em pleno vigor e com o país já pagando os preços internacionalmente cobrados pela energia ao nosso vizinho pidão; Lula jurou que pagar aos paraguaios três vezes mais do que o correto não encareceria as contas de luz dos brasileiros. Em palavras dele era “uma decisão política e que o Tesouro deveria arcar”. Pois é; o tempo passou, o Tesouro diminui, a retenção da restituição não colou e… “Olha o aumento da energia aí gente!”
O governo autorizou um aumento geral das contas de luz por “elevação das despesas com Itaipu”. Não é lindo? Agora, caro leitor, eu; você e o seu vizinho vamos pagar ainda mais para que Lugo consiga manter a sua fantasia “cucaracha” e pagar as pensões para os seus filhos ilegítimos.
Sabe o que é mais engraçado ainda? Quase nenhuma linha sobre isso na imprensa e, quem noticiou, passou tão rapidamente pala frase “aumento de despesas com Itaipu” que só um telespectador que estivesse bem atento captaria essa “mensagem subliminar“ de que estão metendo a mão no meu bolso mais uma vez.
Enquanto isso; o povo continua com sua vidinha simples, ordeira e feliz. Omisso e alienado, construindo um país corrupto e medíocre e numa terra engraçada.
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