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Na última sexta-feira assistimos a mais um daqueles episódios que mostram como o Brasil se tornou a terra da impunidade e um país onde o cidadão vaga pelas ruas completamente desamparado pelo Estado e entregue a própria sorte. A queda das vigas do viaduto do Rodo Anel em São Paulo une, na mesma barca furada, os governos Lula e Serra e todos os outros governos que primam pelo descaso com a população e desejam apenas a sua própria exultação e promoção pessoal.
Serra tem, nas obras do Rodo Anel, o seu grande legado para o governo de São Paulo e deseja manter a visão de “grande realizador” que, equivocadamente, alguma parcela da população parece ter dele. Por isso, se submete as vontades das empreiteiras e permite que as maiores barbaridades sejam perpetradas sem que ninguém seja punido ou que alguma empreiteira envolvida perca seus contratos devido a sua atuação negligente e perigosa.
Quem não se lembra da cratera das obras do Metrô paulista? Enquanto laudos técnicos apontavam para problemas evidentes de segurança e o uso de materiais de baixa qualidade, o Governo Serra defendeu com unhas e dentes a “lisura” das empreiteiras e continua a obra com as mesmas empresas e sem a menor preocupação com a apuração das responsabilidades.
O povo? Ora, esse só tem importância de quatro em quatro anos.
O episódio da queda do viaduto do Rodo Anel vem mostrar essa mesma tolerância em ação. As empreiteiras encarregadas das obras são integrantes do mesmo consórcio e são as mesmas velhas conhecidas de tantos outros processos envolvendo corrupção, obras de má qualidade, superfaturamento e diversas irregularidades. Mas, mesmo assim, estão presentes em mais uma obra importante.
Como sempre, a única palavra de Serra sobre o caso foi: “Graças a Deus ninguém morreu”. Sim, se Deus realmente existe, ele deve ter um trabalho enorme com os brasileiros. Afinal de contas, se nós dependêssemos das autoridades responsáveis pela proteção do cidadão, estaríamos todos mortos e enterrados.
Mas, o que tem Lula a ver com isso?
Muito simples, caro leitor, o Rodo Anel é uma obra do PAC. E, como tal, é tocada “a toque de caixa” e sem preocupação com a qualidade e a lisura de sua execução. As recentes declarações de Lula contra o TCU e os embargos feitos pelo órgão nas obras irregulares e com indícios de fraudes é uma mostra de como o presidente pensa apenas em sua própria promoção pessoal e na eleição que se aproxima; desprezando as boas práticas públicas e a segurança do cidadão. Afinal de contas, se a obra não aparece pronta, ninguém pode “cortar a fita”, armar o palanque e tirar proveito dela.
Lula e o PT patrocinam, no Congresso, um projeto que visa impedir que o TCU barre a execução de obras irregulares e impeça que a bandalheira da corrupção desenfreada, da má qualidade das obras e materiais seja abortada antes que um mal maior se concretize. Assim, uma obra mal executada ou superfaturada será acabada para, só depois, ser investigada. O que representará um enorme prejuízo para a nação e para os cofres públicos, uma vez que uma obra mal feita terá que ser refeita e isso sempre envolve perda de tempo, de dinheiro e possivelmente de vidas.
Além disso, a chiadeira de Lula já se manifestou nesse acidente. Uma auditoria do TCU já havia detectado que a empreiteira estava usando material de baixa qualidade e não previsto no projeto (vigas pré-moldadas ao invés das fundações de concreto conhecidas como tubulões – material mais caro). Essas auditorias foram realizadas em 2007 e 2008, nos cinco lotes da obra. Além disso, foram usadas menos vigas na sustentação dos vãos livres (cinco ou seis ao invés das sete previstas no projeto), também foram encontrados os indícios “tradicionais” de superfaturamento e a alteração na medição da obra, o que prejudica a União.
Mesmo com tantas irregularidades, a influência política de Serra e a vontade de Lula de parecer um líder democrático e magnânimo (ao não impedir uma obra que beneficia um rival) prevaleceram sobre as objeções feitas pelos auditores. O TCU não recomendou a paralisação da obra ou o bloqueio dos repasses federais e a decisão de prosseguir com os trabalhos foi tomada com base em despacho emitido pelo ministro João Augusto Nardes. Bastando que as empresas assinassem um termo de “Ajuste de Conduta” e agindo exatamente como Lula deseja (algo como libertar um assassino contumaz apenas porque ele disse que não vai mais matar ninguém).
O resultado da ingerência política em assuntos eminentemente técnicos já resultou em inúmeras mortes em nosso país; resultou no que vimos na sexta-feira passada e resultará ainda em muitos outros desastres. Certamente, em alguns deles, não teremos a mesma sorte que tivemos neste.
Pense nisso.
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O BRASIL, A IMPUNIDADE, O TCU QUE LULA QUER E O RODOANEL DE SERRA.