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Todos nós sabemos da polêmica que ronda a ministra Dilma e a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira. As estranhezas vão muito além da existência ou não da tal reunião em que Dilma, supostamente, pediu para agilizar a investigação da receita sobre o filho de Sarney e o claro sentido que esse pequeno pedido tem. (Uma vez que essas investigações são detalhadas e demoradas, um pedido de agilização simplesmente pede para que a mesma seja feita “sem muito critério” e rapidamente. O que tem o claro intuito de “deixar passar” irregularidades)
Mas, como eu disse, esse é apenas um ponto básico e que não quer dizer praticamente nada. Tudo tinha “a maior pinta” de ficar no “disse não disse”; até o governo, mais uma vez, meter os pés pelas mãos.
Exatamente como no caso da defesa de Sarney e da renúncia irrevogável de Mercadante, o governo agiu estranhamente nos bastidores para negar com uma veemência exagerada a ocorrência da tal conversa. Isso porque, até a própria secretária da receita afirmou que nada viu de mais no pedido da ministra e que sequer lhe deu satisfações dele. Contudo, após a negativa de “agilizar” o processo, a sequência de fatos mal contados, estranhos e cheios de incômodos duplos sentidos; assume certo caráter inquietante.
A demissão de Lina Vieira, numa clara represaria ao seu posicionamento contra as tentativas de interferência do Planalto. A demissão da assessora de Lina, logo após esta relatar do Senado que a sua assessora sabia da existência do tal encontro (e muito tempo depois da demissão de Lina Vieira) e a exoneração de vários funcionários da receita que estavam em altos escalões e tinham a mesma postura meramente técnica no trato com o Planalto.
Tudo isso acabou desencadeando a renúncia de diversos dirigentes e altos funcionários da Receita Federal, nesta segunda-feira, e demonstra claramente que houve (ou há) uma tentativa de interferir nas investigações promovidas pelo órgão ou de politizar o aparato da Receita Federal. Pois, se assim não fosse, qual a importância de exonerarem-se todos ligados ao episódio e por qual motivo os funcionários de carreira e concursados iriam colocar seus cargos à disposição em massa e de num mesmo momento? A única explicação é chamar a atenção para algo estranho que esteja acontecendo e do qual eles não tenham defesa (a não ser chamar a atenção da imprensa e da sociedade).
Além disso, a estratégia do PT de “aposentar Dilma” por alguns dias, na esperança de “esfriar” o debate em torno desse problema, é uma coisa que não dá para entender. Afinal de contas, se não há nada de errado e se tudo foi “intriga da oposição”; por qual motivo o Palácio do Planalto nos quer fazer acreditar que a segurança presidencial apaga as fitas da segurança e na guarda qualquer registro de visitas feitas ao Planalto (quanto qualquer cidadão sabe que isso é mentira)? Também, por que eliminar as testemunhas do tal encontro e ameaçar os envolvidos com denúncia crime de prevaricação (como foi claramente feito por Mercadante a Lina Vieira)? E por que insistir em negar fornecer qualquer informação a respeito.
Da mesma forma, o marido de Lina Vieira é ligado ao senador do PMDB Garibaldi Alves (é assessor) que já andou envolvido com a filha de Sarney (é réu num processo que também envolve Roseana Sarney). Essa “coincidência” pode nos fazer pensar que, nessa história tremendamente mal contada, tentou-se juntar “a fome com a vontade de comer” e por algum misterioso imprevisto do destino as coisas não saíram como planejadas.
E você leitor, o que pensa disso?
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