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A vitória de Dilma não teve qualquer componente de surpresa. Muito ao contrário disso, já era esperada por qualquer pessoa que analisasse friamente os fatos que se desenrolaram ao longo da campanha. Mesmo o mais vibrante oposicionista sabia, bem lá no fundo, que José Serra era a zebra na disputa. Afinal de contas, nunca antes na história “dessepaís” o uso da máquina e até diretamente de dinheiro público foi tão evidente e ocorreu tão clara e descaradamente como nessa campanha eleitoral. E tudo sob o olhar passivo das autoridades eleitorais.
Infelizmente, a vitória de Dilma é a vitória de uma farsa. Mesmo o clamor popular gerado por Lula ao redor de sua candidata pode ser muito bem explicado pela boca do próprio presidente Lula. No seu famoso vídeo em que critica o Bolsa Escola – atual Bolsa Família – numa de suas disputas contra FHC, Lula afirma que o povo brasileiro é carente e, essa carência, faz com que o eleitor brasileiro pense com o estômago e não com a cabeça. Justamente por isso, os políticos brasileiros adoram oferecer cestas básicas e demais programas assistencialistas. Esses programas transformam quem está inserido neles em reféns de quem detém as chaves dos cofres públicos; garantindo uma massa de eleitores fiéis e receosos de perder os seus benefícios (lembre-se de que essas são palavras do próprio Lula).
Lula estava tão certo nessa análise que, após o episódio do Mensalão, da ameaça de impedimento de Lula e do seqüestro do governo pela Banda Podre do PMDB o programa Fome Zero foi abandonado totalmente e o Bolsa Família, antes criticado virou o carro chefe da administração Lula. O presidente, impulsionado pelos novos aliados “experts” em fisiologismo e políticas coronelistas, elevou a “estado da arte” a prática que antes criticava veementemente.
Portanto, daí a análise de que a vitória de Dilma é a vitória da farsa, do estelionato político, da trapaça, da Lei de Gérson e do escárnio às Leis e à democracia. Não por ter sido exatamente a vitória do PT, de Lula ou de Dilma. Mas por ser a vitória do vale tudo eleitoral e da mentira usada como verdade inquestionável.
Exemplos não faltam disso: Aos eleitores nordestinos, Dilma era apresentada ora como “Mulher do Lula” ora como “Irmã do Lula”; o presidente abandonou o país “às traças”, vestiu uma camisa vermelha e se transformou em militante político em tempo integral; esquecendo-se de que foi eleito para governar a todos e não apenas os amigos; deixou de governar para se transformar num militante petista engajado; Lula proferiu vários discursos incitando a violência da militância contra a oposição e escarneceu das autoridades eleitorais de forma acintosa, regular e anti-republicana.
Agindo assim, Lula fez valer a visão do vale tudo pelo poder e deixou para trás ações repletas de suspeitas e mal entendidos. Culminando com o triste episódio da agressão sofrida por José Serra no Rio de Janeiro e a subseqüente reportagem veiculada pelo SBT que ridicularizava o ocorrido ao “mostrar” que o candidato fora atingido por uma bolinha de papel e ensejando uma suposta farsa.
Além de encaparem a ridicularização do candidato; Lula, Dilma e a direção do PT ainda estimularam a militância a agir da mesma forma. Mesmo após terem sido desmentidos posteriormente em várias oportunidades. É claro que, para a visão popular, o candidato da oposição passou a ser um embusteiro e até músicas foram compostas para ridicularizá-lo.
Dias depois, na surdina, uma transação envolvendo um banco oficial – a Caixa Econômica Federal – era anunciada e envolvia todo o episódio numa aura de suspeita e estranheza: a CEF compra uma grande participação no Banco Panamericano – De propriedade de Silvio Santos – e que vinha mal das pernas.
Somando-se tudo isso ao estranho conformismo do brasileiro, a crença de que o “rouba, mas faz” é um jeito válido de gerir a coisa pública (assunto tratado no artigo Eleitores, Políticos e a Criatura do Twitter), a incompetência do próprio José Serra em mostrar ao país a verdadeira face da candidata adversária e o erro grotesco da oposição em escolhê-lo como candidato, quando Aécio Neves reunia muito mais condições de derrotar Dilma; a vitória do PT estava mais ou menos assegurada desde o início da campanha.
Seja lá qual for o resultado do governo Dilma, a triste verdade é que o Brasil andou para trás na valorização da ética na política. Ao premiar a vitória do estilo de campanha usado pelo pt, o brasileiro mandou para o espaço a ética e trocou o discurso republicano por uma tv de plasma em suaves prestações. O mais estarrecedor é que agora, a defesa dos valores democráticos e das liberdades individuais estará depositada nas mãos do PMDB e na certeza de que sua sede de poder e seu fisiologismo grotesco serão os freios necessários à sanha de José Dirceu e dos “cumpanheiros” de transformar nossa nação numa nova Cuba ou Venezuela. Afinal de contas, se o país debandar para algo desse tipo, nosso destino será o mesmo do dessas nações; miséria, carestia e desesperança. E isso deixará quase nada para ser pilhado pelos “aliados” do naipe de um Sarney, de um Renan Calheiros, de um Temer e companhia limitada.
A vitória de Dilma foi um triste fim para uma das piores eleições que já tivemos, tanto em matéria de candidatos quanto em propostas; representando a coroação do jeito infame e espertalhão de se fazer política.
Um abraço a todos.
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DILMA, ELEIÇÕES E A VITÓRIA DE UMA FARSA.
