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Você gostaria de levar um tapa na cara por ter emitido uma opinião da qual alguém não concordasse?
Você gostaria de ser ameaçado e intimidado por se vestir de forma diferente de outra pessoa ou por manifestar um pensamento diferente da maioria?
Você aceitaria ter a sua intimidade invadida, sua vida revirada e revelada, apenas porque alguém tem o poder de fazer isso?
Você gostaria de viver num país onde o Presidente da República prega a sedição, a violência ideológica e a incrível ideia de que “deixa de ser presidente” após “o expediente”?
Você gostaria de viver numa nação onde o governo acha que deve governar para alguns – normalmente só os que o apóiam – e encara todo o resto como “inimigos do Estado” a serem combatidos e “extirpados”?
Bem, se você respondeu “sim” a qualquer dessas perguntas ou você é um idiota completo, um alienado ou faz parte de algum grupo “poderoso” o suficiente para se achar “intocável” a qualquer uma dessas situações. Mas, eu tenho uma novidade para você: quando o Estado é quem despreza o valor e o direito do cidadão a incolumidade física, mental e de manifestação, ninguém está seguro.
Se você é um dos que não acreditam nisso e acham que os grupos que estão no poder “se protegem”; é porque você desconhece a história do mundo. Em todos os países e em todos os regimes totalitários que surgiram no mundo, as primeiras vítimas a caírem nas garras do Estado são sempre os mais chegados a ele ou seus próprios membros. Foi assim na Revolução Francesa; na Revolução de 1917 (URSS) e depois com Stálin; foi assim na China; na Itália de Mussolini; na Alemanha de Hitler; etc… Nenhum regime que reduza o indivíduo a algo sem importância protege o cidadão. Mesmo que este cidadão seja apoiador ou membro do regime.
Exatamente por isso, os fatos acontecidos ontem (20/10) no Rio de Janeiro, e que culminaram na agressão ao candidato José Serra foram tão graves. Não pela agressão em si, afinal de contas; se foi uma bolinha de papel, um rolo de fita crepe, uma pedra ou mesmo um projétil de arma de fogo não importa. Mesmo que fossem simples palavrões, uma simples intimidação insinuada ou a simples pressão de uma multidão mal encarada não interessa. O que salta aos olhos e estarrece verdadeiramente é como as pessoas que apóiam a candidatura de Dilma e o PT se referem ao assunto jocosamente.
Também não pelo fato de ter sido José Serra e este ser o candidato que escolhi para votar nessas eleições. Algo bem parecido já aconteceu antes, com Mário Covas. Com Covas a coisa foi até mais grave porque o candidato foi sangrado naquele momento. A diferença fundamental é que antes toda a sociedade – até os próprios petistas (como eu na época) – se posicionou contrária à agressão e favorável a punição dos agressores. Hoje, talvez pela massificação da Internet, um grande número de pessoas (inclusive os jornalistas que recebem polpudos contratos sem licitação do governo) se posicionou favoravelmente à agressão ou minimizaram o fato por não ter “corrido sangue” ou não haver resultado em um ferimento visível em José Serra.
Mas, a questão não é essa. A questão é que, numa democracia, temos que aceitar, conviver e dialogar com a oposição. Seja ela explícita, cruel ou ideologicamente capenga, O Estado tem o dever de protegê-la e estimulá-la a se manifestar livremente.
Essa bandeira deve tremular para
todas as cores, credos, formas,
ideologias e pensamentos.
Quando uma massa, a mando e a soldo de membros de um partido, caça nas ruas seus opositores para agredí-los ou intimidá-los e as autoridades policiais nada fazem para impedir isso – porque o governo local apóia a situação – e parte da população, partidária da mesma situação, acha “engraçada” a ocorrência; é porque algo vai muito mal numa sociedade.
Fundamentar um regime na intolerância, classificar quem nos faz oposição como um inimigo a ser perseguido e destruído; infiltrar na mente de um povo que deve haver luta entre pobres e ricos (ao invés de cooperação e justiça social) e demarcar suas opiniões com o uso da máquina do Estado e com a força de suas hostes não é o comportamento de um pensamento democrático.
Quando um cidadão vem a público ridicularizar um opositor da facção apoiada por ele – após este ser agredido, em via pública, por uma turba a soldo da situação – esse cidadão esquece de que pode ser a próxima vítima desse Estado que não tolera ou não aceita um pensamento oposto ao seu.
Resta saber se pagar o preço de viver num futuro assim vale mesmo apenas o poder de comprar bugigangas em suaves prestações e viver às custas do Tesouro. Se você respondeu que sim; é um direito seu pensar assim e é meu dever respeitá-lo. Contudo, também é meu dever alertá-lo para o fato de que o Brasil do futuro pode ser bem pior do que aquele do passado tão criticado e odiado por você.
Lembre-se que o preço da liberdade é a eterna vigilância e, se não bastar, trago outra citação de um personagem da ficção científica que retrata muito bem os perigos encerrados no momento em que vivemos:
“Com o primeiro elo,
A corrente é forjada.
O primeiro discurso censurado,
O primeiro pensamento proibido,
A primeira liberdade negada,
Nos acorrenta a todos
Inegavelmente.
(Aeron Satie)
(Citado pelo personagem
Jean-Luc Picard)
Pense nisso.
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