ESN: 16675-080201-838850-87
Imagine viajar por mais de 384.000 Km através de uma chuva de projéteis, radiação de extrema letalidade e, só para facilitar, sem água para beber e sem ar para respirar (a não ser o que você consegue carregar). Onde qualquer erro, por mínimo que fosse, resultaria em uma morte quase instantânea e imensamente dolorosa?
Agora, imagine enfrentar isso tudo tendo apenas uma calculadora vendida na papelaria da esquina para te guiar. Assustador, não? Pois é; atualizado para os padrões de hoje, essa era (mais ou menos) a capacidade de processamento do computador do módulo da Apolo XI.
Essa viagem, por si só, já é uma prova cabal de que a humanidade pode superar qualquer coisa em busca de uma solução para problemas aparentemente insolúveis. Afinal de contas, mentes de várias nacionalidades, credos e orientações políticas uniram-se para tornar possível essa aventura sem igual.
O que era ficção científica, sonho ou loucura durante muito tempo; hoje é uma realidade e projeta-se para o futuro como uma possibilidade real de que o homem vá para Marte e construa uma base na lua.
Mas, esse exemplo da capacidade humana de trabalhar em prol do bem comum, de um objetivo maior e coletivo corre o risco de ser abafado pela dura realidade da ganância e da insensibilidade que também fazem parte do comportamento humano.
Um estudo divulgado recentemente e apoiado por entidades como a Unesco, o Banco Mundial (Bird), o Exército dos Estados Unidos e a Fundação Rockefeller, intitulado "State of the future 2009"; tem 6.700 páginas páginas e recebeu contribuições de 2.700 especialistas de todo mundo. O Secretário Geral da ONU classificou o estudo como "valiosas visões do futuro para as Nações Unidas, seus membros e a sociedade civil".
O que há de tão dramático e especial nesse estudo? Muito simples: ele ressalta a importância de que a humanidade faça um esforço semelhante ao de levar o homem à lua para parar ou reverter as gravíssimas alterações ambientais que estamos provocando em nosso planeta. Se nada for feito nesse sentido, as perspectivas para o futuro da raça humana serão, no mínimo, sombrias.
O estudo fala que em torno de 2025, se nada for feito, a humanidade poderá mergulhar na barbárie e perder grande parte dos avanços civilizatórios conquistados até agora. Metade da população mundial, cerca de 3 bilhões de seres humanos, passará por privações e perderá o acesso fácil a coisas “simples e sem importância” como água e comida.
A violência e a instabilidade política que certamente serão provocadas por essa falta de elementos básicos de sobrevivência, jogarão a humanidade numa era de guerras e de predação com imprevisíveis consequências.
Infelizmente, a mentalidade imediatista dos governos mundiais e a falta de visão de políticos e de alguns cientistas e empresários provocam ações tímidas e incipientes; incapazes de compararem-se ou oporem-se a velocidade e a dramaticidade das alterações climáticas que o planeta vem sofrendo.
Ou o ser humano volta-se para o que verdadeiramente interessa, a preservação da vida em nosso planeta e a manutenção das condições necessárias para tal, ou de nada adiantará a ilusão de avanços e de riquezas, acumuladas por pessoas ou governos, diante do caos e da extinção que começam a se apresentar para nós em um futuro cada vez mais nebuloso e terrível.
Pense nisso.
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Este artigo foi escrito originalmente para o Blog Visâo Panorâmica. A reprodução só é permitida com autorização expressa do autor. Solicite atravéz daqui:arthurius_maximus@visaopanoramica.com