A CELEBRIDADE, O ENGRAÇADO E O DESASTRE FORMADO.

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brasil palhaço

 

A candidatura do palhaço Tiririca, das mulheres frutas, dos pagodeiros e de jogadores de futebol à beira da falência trazem para alguns um sentimento de revolta. O ministro da cultura chegou a ponto de dizer que a candidatura de Tiririca era “um deboche” a democracia.

Pode ser, mas muitos políticos profissionais que acham serem os cargos eletivos algum tipo de bem familiar e que devem ser passados pelas gerações das suas famílias debocham igualmente da democracia. Isso é um aspecto da cultura política do brasileiro que um dia deve ser revisto. Ao compreender que, para a democracia, é muito mais saudável não reeleger e nem eleger esse tipo de candidato, o brasileiro evoluirá como eleitor e acabará forçando uma depuração do cenário político nacional.

Entra nessa questão o famoso voto de protesto. Quando os votos era escritos numa cédula, era comum que as pessoas escrevessem, no campo destinado aos candidatos, o nome de figuras engraçadas ou xingamentos. Isso era uma forma de protestar contra os candidatos e exibir a indignação popular em relação às práticas deles.

 

voto de protesto

 

No entanto, com o advento da urna eletrônica, essa opção acabou. Agora, no máximo, o leitor que deseja protestar pode digitar “00” e anular o voto ou votar “em branco”. Mas isso, ao invés de protesto, acaba favorecendo o corrupto ou o candidato sem representatividade. Como valem apenas os votos dados nos candidatos, esses votos – nulos e em branco – simplesmente são desprezados. É como se eles nunca tivessem existido. Na prática, esse tipo de protesto reduz o coeficiente eleitoral geral e facilita a vida daqueles candidatos que mencionei, justamente por diminuir a quantidade necessária de votos para que eles se elejam.

Com isso, os candidatos “engraçados”, “escatológicos” ou simplesmente com uma aparência ou uma voz engraçada – além dos candidatos celebridade – passaram a ser a grande arma dos partidos para conseguirem eleger seus caciques com pouca ou nenhuma representatividade. Quer um exemplo: Michel Temer, o terceiro na linha de sucessão da presidência e presidente da Câmara dos Deputados, sequer conseguiu um número de votos que lhe garantisse a eleição. Entrou justamente pelo critério da proporcionalidade.

Como? Quando você vota num desses candidatos celebridade apenas pelo fato dele ser uma celebridade e sequer se preocupa com os projetos que ele tem; você garante que ele se transforme num “puxa voto”. Alguém que tem uma votação maciça e que se elege facilmente. Esse montante de votos é rateado proporcionalmente, pelo coeficiente eleitoral, para os demais candidatos do partido. Assim, no fim das contas, você vota na “Popozuda Maçã-Uva” e leva o Michel Temer. O mesmo acontece com aquele candidato hilário em que você votou para mostrar aos políticos safados que você não está nem aí para os “medalhões”.

 

Voto Bomba

 

Quem não se lembra do Enéas. Eleito como uma forma de candidato protesto, por sua forma engraçada de mostrar-se no horário eleitoral; Enéas foi o deputado mais votado de todos os tempos a duas eleições passadas. Como resultado, elegeram-se com ele – puxados pela proporcionalidade – diversas figuras que, depois, acabaram se envolvendo em escândalos de corrupção ou foram cassados pelo TSE. Algumas dessas figuras obtiveram a maciça votação de 5 a 527 votos. Enquanto políticos sérios e com projetos bem definidos acabaram perdendo a oportunidade.

Por isso, ao votar numa celebridade, num candidato engraçado, no candidato feio, no bonito ou naquele que tem a voz mais estranha que você já ouviu; pense que o seu protesto pode na verdade estar conseguindo justamente o efeito contrário ao que você desejava. Aí, o desastre já estará formado. Além da celebridade ou do engraçado, o candidato que não teria qualquer chance de ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, justamente por ter perdido representatividade, ter feito um mau mandato ou simplesmente ter aparecido em alguma maracutaia; será eleito na rabeira desse seu voto.

Pense bem e vote em propostas; não em celebridades ou em caras engraçados.

Lembre-se que o se circo é o Brasil e se os palhaços somos nós. Que sejamos, pelo menos, palhaços um pouco mais espertos.

Pense nisso.

 

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Nota do Editor: Texto sob inspiração do leitor André Carvalho.

Leia também: Saiba quem você pode acabar elegendo ao votar no palhaço Tiririca.

 

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