Houve também um comparativo entre o açaí do Pará com a Juçara, tanto na questão histórico-econômica como nutritiva
A compreensão do uso sustentável das espécies nativas como uma das principais estratégias para conservação da biodiversidade. Este é o pensamento que marcou os dois anos de trabalho e articulação da REDE JUÇARA na promoção do I Encontro da Rede Juçara, que aconteceu em parceria com a ABJICA, reunindo agricultores familiares, comunidades tradicionais, organizações da sociedade civil, gestores públicos, universidades, entre outros, para discutir novos rumos para o bioma Mata Atlântica.
O encontrou aconteceu entre os dias 9 e 10 de novembro que teve como um dos apoiadores, a Prefeitura de Registro. A mesa de abertura contou com a prefeita de Registro, Sandra Kennedy Viana, além de autoridades, representantes das comunidades envolvidas em toda a região do bioma Mata Atlântica, abrangendo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Na ocasião, agricultores, acadêmicos, membros de instituições públicas, de ensino e de preservação do meio ambiente, entre outros, estiveram articulados em função da promoção da sociobiodiversidade, por meio das alternativas de exploração da palmeira Juçara.
Em discurso, a prefeita da cidade anfitriã do evento disse que o encontro é muito significativo principalmente para o Vale do Ribeira, região que ainda se encontra o remanescente da Mata Atlântica. Consciente da importância de se discutir a conservação da palmeira juçara, Sandra Kennedy falou que é preciso pensar o desenvolvimento a partir da sustentabilidade. “Não podemos errar, o produto está escasso, precisamos pensar no repovoamento e também na comercialização nesta cadeia de produção”.
Também destacou a importância de se inserir o suco da juçara na alimentação escolar, que já deve acontecer em Registro nos próximos meses, o que ajudará que os produtores familiares comercializem por meio do Programa de Aquisição de Alimentos, seus produtos barateando os custos para as prefeituras e ajudando o pequeno produtor. Destacou também que o encontro serve principalmente para a troca de informações entre comunidades, lideranças e pesquisadores
Um dos destaques foi do primeiro dia foi a homenagem da Rede Juçara ao “Seu Chico”, que aos 85 anos, é exemplo de sabedoria para quem vive da agricultura familiar. Tem em sua visão que um dos principais problemas para o desenvolvimento agroflorestal, que serve para o manejo, manutenção e recuperação sustentável de áreas de mata, é a falta de apoio do poder público. Como disse durante discurso de homenagem que se cansou de ir a tantas reuniões e não ver ações práticas.
No painel que abriu o segundo dia das discussões foram discutidos temas com a participação de membros do MAPA, Embrapa, ESALQ e Centro Ecológico, expondo-se problemáticas acerca das adequações na produção da polpa da Juçara, as questões de registro e vigilância sanitária, entre outras. Houve também um comparativo entre o açaí do Pará com a Juçara, tanto na questão histórico-econômica como nutritiva.