Projeto de qualificação da produção de ostras aumenta vendas em 60 vezes no Paraná

Com novas técnicas, parcerias, regularização das áreas de cultivo e programa contínuo de qualidade sanitária, a produção e comercialização de ostras e camarões em Guaratuba, Matinhos e Guaraqueçaba ficou até 60 vezes maior. Os maricultores fazem parte do projeto Cultimar, iniciativa do Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais (GIA) da Universidade Federal do Paraná, que desenvolve novo modelo de produção de frutos do mar com qualidade certificada e sustentabilidade ambiental.

A produção tem gerado renda e empregos no litoral do Estado. “Antes do Cultimar, vendíamos cerca de 200 a 600 dúzias de ostras por ano. Nós não produzíamos, apenas retirávamos o marisco da natureza. Hoje, nossa produção e vendas chegam a 12 mil dúzias anuais”, conta o maricultor Elvisley José Rocha Ferreira, do sítio Sambaqui. “Nossos rendimentos também aumentaram bastante com a certificação de qualidade, que permite cobrar um preço justo pelo nosso trabalho. A dúzia das nossas ostras custa R$ 12,00, mais caro que as vendidas por atravessadores e por quem não tem garantia de origem e sanidade”, completa.

Participam do projeto 33 produtores, e apenas oito restaurantes e pontos de vendas estão credenciados pela equipe da UFPR. “Esses maricultores têm grande diferencial de mercado e, com isso, o valor agregado das ostras aumentou bastante. A partir daí, a iniciativa, que era para melhorar práticas de cultivo, se tornou algo muito maior, envolvendo o potencial turístico da região. Hoje fazemos um trabalho mais social que técnico, marcado pela conservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável”, explica o coordenador do GIA, professor Antonio Ostrenky.

FAMILIAR – Para gerar renda nas comunidades participantes, o Cultimar prioriza o modelo de maricultura familiar. Com produção em pequena escala e trabalho das famílias locais, o projeto garante assessoria técnica e acompanhamento constante, além de cursos de qualificação profissional. “Nossa missão é potencializar o rendimento das famílias e, por isso, ampliamos nosso trabalho para além do cultivo. Realizamos cursos de manejo de alimentos, por exemplo. Surgiram as parcerias com restaurantes da região, atreladas à beleza da Serra do Mar. Passamos a abordar questões culturais, com parcerias com escolas, prefeituras e Governo do Estado”, completa ele.

Atualmente, o grupo faz o zoneamento de todo Litoral para mapear áreas de cultivo com potencial econômico e sustentabilidade ambiental. Novas atividades e iniciativas se somaram ao projeto inicial, como o desenvolvimento de ações culturais e educativas. O programa Mar e Cultura, por exemplo, promove oficinas, atividades de artesanato local, arte de pesca e Fandango de Multirão, música típica paranaense.

Realizamos um trabalho com escolas, comunidade e turistas. A ideia é que eles venham visitar os cultivos, participem e passem a discutir os problemas, impactos à natureza e a cultura do Estado”, destaca Marcos Wasilewski, coordenador da organização da não-governamental Guaju, que atua em parceria com o Cultimar para educação ambiental.

Para Ede Souza Monteiro Júnior, proprietário do restaurante Vivere Parvo, que participa do projeto, o resultado do trabalho em conjunto pode ser medido pelo aumento no número de clientes. “Recebemos gente do Brasil inteiro, que vem para conhecer essa paisagem linda do nosso litoral, comprar nossos artesanatos e comer frutos do mar com procedência e qualidade garantida. São pessoas exigentes, que vêm de carro, balsa ou até barco para passar um dia agradável e fazer um programa diferente. Criamos 30 empregos neste ano.”

SERVIÇO: Para conhecer mais acesse www.cultimar.org.br . No site você encontra a lista dos pontos de vendas e restaurantes certificados, com endereço e telefone. A visita aos mangues e áreas de cultivo de ostras é gratuita e aberta ao público nos produtores da Estrada da Cabaraquara (Iate Clube de Caiobá).

Agência de Notícias do Estado do Paraná

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