Acontece próximo sábado (10/04) um dos mais importantes eventos comemorativos dos 30 anos do Tamar: a soltura simbólica simultânea do filhote de tartaruga marinha número 10.000.000, marca alcançada nesta última temporada (2009/2010). A soltura acontecerá em todas as bases de pesquisa do país, de Santa Catarina ao Ceará.
Desde que o projeto foi criado, só agora as tartarugas marinhas nascidas sob a proteção do Tamar atingiram a maturidade sexual e estão retornando à praia onde nasceram para depositar sua primeira desova. Assim, os filhotes, que nesta temporada seguem para o mar, representam a segunda geração de tartarugas nascidas a partir do Tamar. “Os primeiros foram como filhos para todas as equipes envolvidas nos esforços de conservação. Estes, que nascem agora, são os nossos netos”, afirma Guy Marcovaldi, coordenador nacional do Projeto Tamar/ICMBio.
Pesquisa, conservação e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção, é a principal missão do Tamar, que protege cerca de 1.100 km de praias, por meio de 23 bases mantidas em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso desses animais, no litoral e ilhas oceânicas, em nove estados brasileiros. Por se tratarem de animais altamente migratórios, de vida longa e maturação sexual tardia, é necessário dar continuidade às atividades de manejo, proteção e pesquisa numa perspectiva de longo prazo.
No Ceará, a base do Projeto Tamar/ICMBio funciona, desde 1991, em Almofala, comunidade de pescadores descendentes indígenas da nação Tremembé. Fica a 242 quilômetros de Fortaleza, no município de Itarema. Conta com 13 funcionários e mantém convênio com o CIEE para recepção de estagiários de todo o Brasil, além de ter apoio da Universidade Federal do Ceará, por meio dos Departamentos de Biologia e Engenharia de Pesca, além do Instituto de Ciências do Mar – Labomar.
Para os trabalhos de resgate de animais encalhados, o Tamar conta com parcerias importantes no Ceará, como o Centro de Triagem de Animais Silvestres – Cetas/Ibama, Colônias de Pescadores e Prefeituras Municipais como Itarema e Acaraú, por meio de suas Secretarias de Meio Ambiente e Pesca.
Somente em 2009, o Tamar no Ceará, salvou das redes de pesca e resgatou tartarugas encalhadas, em conjunto com parceiros, um total de 453 tartarugas marinhas, sendo 76 encalhadas. Porém, calcula-se que esse número seja muito maior, pois a ingestão de resíduos sólidos, a pesca com redes de espera, entre outros fatores tem causado sérios danos às populações de tartarugas marinhas que frequentam o litoral do Ceará. Em 2010, entre os meses de janeiro e março, foram recolhidas 134 tartarugas, sendo 36 encalhadas. A principal espécie que encalha é a tartaruga verde.
Será dessa espécie, a verde, a tartaruga que será solta no sábado, intitulado como “O dia da volta”. Segundo o coordenador regional do Projeto, o engenheiro de pesca Eduardo Moreira Lima, o Ibama é parceiro primordial nesse processo de conservação das tartarugas marinhas na costa do Ceará, principalmente por meio do Centro de Triagem de Animais Silvestres e do Núcleo de Educação Ambiental. “O Ibama nos apóia nos trabalhos de resgate na área da Grande Fortaleza”, diz Eduardo.
Mariangela Bampi
Ascom/Ibama/CE