Rio de Janeiro – Maior iniciativa na área da maricultura no país, o Projeto Pomar, desenvolvido há 10 anos no sul do estado do Rio e no norte de São Paulo, espera apenas o início da construção da Usina Angra III, em Angra dos Reis, para instalar as duas primeiras fazendas demonstrativas que aumentarão a produção de vieiras e de bijupirás, melhorando tanto a economia da região quanto o desenvolvimento sustentável.
“Toda a papelada já está acertada e as obras da usina poderão começar em pouco mais de um mês”, diz o coordenador-geral de Maricultura do Ministério da Pesca, Felipe Matarazzo Suplicy.
Segundo ele, os R$ 25 milhões virão de compromissos assumidos com toda a região, desde a Área de Proteção Ambiental dos tamoios até os maricultores que se dedicam às vieiras com o apoio da Eletronuclear e da Petrobras.
O passo inicial foi dado na semana passada, com a assinatura do acordo de cooperação entre os governos brasileiro e britânico para a transferência tecnológica na área de maricultura. No entanto, do papel à ação é preciso que comecem as obras da usina Angra III, porque dali sairão os R$ 25 milhões destinados à ampliação do Projeto Pomar pelo Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía de Ilha Grande e pelo Ministério da Pesca para a região.
Logo de início serão criadas duas fazendas demonstrativas, em Angra dos Reis e Paraty, para maricultores de vieira e de bijupirá. O primeiro é um molusco nobre, que se compra por unidade e não por quilo, como os demais. O segundo é um peixe de carne branca que deve conquistar o público consumidor de salmão. Ao contrário do salmão, o bijupirá se dá bem em águas menos frias que as do Pacífico Sul, como as de Angra dos Reis, Paraty, Ubatuba, Caraguatatuba e Ilhabela.
O Projeto Pomar é desenvolvido na região sob a responsabilidade do Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía de Ilha Grande, mas será substancialmente ampliado a partir dos próximos meses, com a instalação das duas fazendas demonstrativas. A produção atual de vieiras, na faixa de 20 toneladas por ano, deverá alcançar 360 toneladas por ano.
“Em 2015 esperamos ter 25 fazendas, com 300 produtores cooperados e produção de três mil quinhentas toneladas por ano”, adianta Felipe.
A turma inicial terá 30 maricultores, que receberão instruções em diversos níveis, como economia solidária, cooperativismo, manejo ambiental e outros aspectos do trabalho que pretende formar uma cultura nova. “É o maior projeto na área de maricultura no Brasil e temos muita confiança nele”.
Junto com as duas fazendas, serão implantados dois laboratórios, um para vieira e outro para bijupirá, que vem atraindo muitos maricultores pela alta produtividade e facilidade de criação. Enquanto o salmão precisa de três anos para alcançar dimensões de mercado, o bijupirá gasta apenas um. Os peixes para criação serão repassados aos participantes do projeto ao atingirem entre 150 e 200 gramas de peso.
“Nosso propósito é transferir o conhecimento e as tecnologias aos poucos aos maricultores”, explica Felipe.
A cada ano, o Ministério da Pesca pretende repassar às turmas parte das responsabilidades do projeto, inclusive as financeiras. “Temos de estar preparados para os calouros que vão ingressar a cada ano.”
A expectativa é de logo o financiamento do Projeto Pomar atingir R$ 35 milhões, com o acréscimo de R$ 10 milhões da Petrobras e do Ministério da Pesca. A cooperação com o Reino Unido, que detém alta experiência em maricultura, e a modernização a ser introduzida na região alimentam as esperanças não apenas do coordenador-geral de Maricultura do ministério, mas também as dos parceiros e produtores do litoral sul fluminense e norte paulista.
Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil