Goiânia – O Ibama/GO concluiu um relatório com os resultados do monitoramento da pesca amadora em Serra da Mesa. Entre set/2008 a jan/10, os guias de pesca da Pousada Germano e do Rancho da Ni anotaram 906 saídas de pesca, em que capturaram 12.594 exemplares de pelo menos 13 espécies diferentes. O tucunaré azul representou 95% deste total, deixando claro que é o carro chefe do turismo de pesca no reservatório. Em paralelo, a equipe de pesquisa do Ibama/GO e das Universidades Federal e Estadual de Goiás realizou coletas científicas nos braços do Maranhão, Bagagem e Tocantinzinho, tendo contado com o apoio das Pousadas Serra da Mesa, Germano e da equipe de pesca subaquática Mundo Sub.
Os resultados encontrados foram bastante esclarecedores: o pescador amador que visitou o lago no período avaliado capturou, em média, 6 tucunarés azuis por dia, ou 8,4kg. Afora os indivíduos menores que 35 cm, que não podem ser abatidos, a captura foi de 7,4kg por dia. Se um tamanho máximo de captura estabelecido em 50 cm tivesse vigorado durante o período avaliado, a captura de peixes entre o intervalo permitido (>35cm e <50cm) para o abate teria sido de 5,15kg por pescador por dia. Ou seja, em apenas um dia, o turista completa a cota a que tem direito de abater no estado de Goiás.
Por outro lado, o estudo esclareceu que o estoque de tucunaré azul na Serra da Mesa já carece de medidas mais restritivas: apenas o tamanho mínimo de captura, a cota de 5kg mais um exemplar entre março a outubro, e cota zero entre outubro a fevereiro não foram suficientes para manter o estoque em níveis saudáveis, frente ao crescente esforço de pesca no reservatório, como evidenciamos a seguir.
O tamanho médio dos tucunarés capturados sofreu uma leve redução ao longo de 16 meses, quando caiu de 39 cm para 36 cm. Além disso, foi definido que no caso desta espécie, um peixe grande (megarreprodutor) é aquele com comprimento superior a 53 cm (cerca de 2 kg). O dado mais alarmante foi que apenas cerca de 6% da captura da pesca amadora em Serra da Mesa constituiu-se desses peixes grandes, quando o indicativo de um estado saudável é pelo menos 20%.
Nesse contexto, o Ibama/GO recomendou a regulamentação do tamanho máximo de captura do tucunaré azul na Serra da Mesa em 50 cm, e, para o tucunaré amarelo, a alteração do tamanho mínimo de captura de 35 cm para 30 cm, e regulamentação do tamanho máximo em 40 cm.
O tamanho máximo de captura é fortemente defendido pela ciência pesqueira de vanguarda no mundo todo. A medida visa proteger os indivíduos com o maior potencial reprodutivo (grandes matrizes, como o touro na pecuária), e também evitar a seleção artificial dos indivíduos de crescimento mais lento. Isso porque esses anões levam mais tempo para atingir o tamanho mínimo de captura do que os de crescimento rápido (gigantes). Dessa forma, ficam mais tempo no ambiente, o que aumenta a chance de reproduzirem-se, espalhando seus genes de anão em proporção maior que os gigantes, cuja chance de morrer pela pesca é superior, uma vez que são os mais visados pelo pescador e a legislação garante que sejam abatidos (o “mais um” exemplar).
A medida foi recomendada para o Ibama e o Ministério da Pesca, instâncias federais de ordenamento pesqueiro, para análise e parecer, bem como à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Goiás.
Núcleo de Fauna
Ibama-GO