Uma cena da Copa 2010

O jogo vai começar. Brasil versus Costa do Marfim.

Domingo de céu azul em São Paulo. Todo mundo de olho na tevê. As famílias têm motivos para fazer da vida um lugar mais feliz.

Em algumas casas: feijoada, noutras: churrasco. Copa do Mundo é uma micareta. É a festa do orgulho nacional.

Nessa época somos mais brasileiros do que nunca. Ópio? Ah deixa de chatice, velho! Nelson Rodrigues estava certo: somos a pátria de chuteiras, sim.

Depois de algum tempo, as coisas tendem a perder o frescor das imagens primeiras, mas é incrível como se renovam a cada 4 anos. É uma festa: gente de peruca, caras pintadas, crianças com camisas da seleção, mulheres preparando a comilança, homens exorcizando o tédio, crianças soprando as ensurdecedoras vuvuzelas…

Incrível, todo mundo vira técnico. Um grita: tira o Kaká, Dunga! Outro defende o treinador e assim vai. A vida é uma beleza. Que graça teria se não houvesse as opiniões contrárias?

Mas o gol revela a natureza mesma do torcedor. “O Kaká é gênio”. “O Dunga sabe tudo”.

Mas nessa micareta, lanço o meu olhar para a sabedoria das crianças.

A Giovana, por exemplo, filhinha de um casal de amigos, na hora do jogo, estava mais preocupada em comandar os seus filhinhos, mas o Fernando chiou:
“Mãe, a Giovana me…”

Coitadinho do menino, justo nessa hora, o Elano sacramentou a vitória brasileira contra os marfinenses.

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