A cada ano que passa percebo um aumento das dificuldades e obstáculos que enfrentamos em nosso dia-a-dia. Se partirmos do princípio que tudo faz parte de um único contexto, que a vida interior e nossa vida mundana fazem parte de um único processo, podemos começar a refletir sobre o que está acontecendo com cada um de nós.
Reclamamos, e isso fazemos muito bem, sem nos darmos conta de que tudo começa dentro de nós. Existe um conceito criado por Carl Jung, denominado sincronicidade. Esse conceito pode responder a muitas das perguntas que fazemos.
Costumamos falar em coincidências, que se refere a acontecimentos aleatórios, ou seja, que não possuem relação entre si. Mas, coincidências aleatórias não existem, o que existem são coincidências significativas, que possuem relação entre si. Podemos descobrir muita coisa quando abrimos nossas percepções para a sincronicidade. Quando paramos para perceber a relação entre os acontecimentos, abrimos nossos canais mais sensíveis, ou seja, nossa intuição.
A astrologia nos mostra claramente o que acontece quando abrimos esses canais de percepção e passamos a entender a vida muito mais profundamente através da compreensão do significado de cada acontecimento. Quanto mais nos abrimos para essa percepção e compreensão, mais acontecimentos sincrônicos se desenrolam em nossas vidas.
O que quero dizer com tudo isso é que há uma íntima ligação entre o que pensamos e sentimos com os acontecimentos ao nosso redor e tudo o que construímos.
No decorrer das últimas décadas, a partir das fobias que criamos relacionadas ao pós-guerra e à guerra fria, construímos um mundo interno e conseqüentemente uma nova civilização, voltada à proteção e defesa de nossos territórios. Tornamo-nos mais fechados, ego centrados, individualistas, narcisistas e muito, muito infelizes.
O que somos nós hoje? Somos uma civilização feita de homens e mulheres doentes. Sofremos pela ansiedade que criamos e abrigamos nossos medos. Desenvolvemos síndromes de toda espécie, depressão, processos de instabilidade emocional, mental e espiritual. Afinal o que somos? Para onde estamos indo?
Vivemos um momento de transição. Apesar da materialidade e confusão que criamos, precisamos entender que toda crise e doença existem para transformar padrões que já não funcionam mais, para nos mostrar a fragilidade daquilo que criamos e também para nos avisar que é hora de dar um passo à frente.
No entanto, neste momento planetário, já sabemos que todo passo dado sem consciência pode ser fatal à nossa civilização. Não somos mais crianças neste Universo, já aprendemos algumas lições e uma delas é que nossa consciência deve estar presente em cada uma das escolhas que fizermos. A consciência do que somos, para onde estamos indo e por que estamos aqui. A consciência de que sozinhos não conseguimos nada e de que não somos apenas seres materiais. A consciência de que se faz necessário parar, pensar e caminhar e não se encolher diante do que precisa ser feito. A consciência de que toda mudança depende de nós.
Quando nos decidimos por um trabalho de conscientização individual, necessariamente o Universo nos coloca em contato com situações e pessoas que estão vibrando na mesma sintonia que nós. Com consciência construímos uma nova realidade interna, que emana como ondas de vibração ao mundo exterior.
Mas consciência não é algo que se adquire da noite para o dia, pois para que seu desenvolvimento aconteça é preciso, antes de mais nada, a coragem para enfrentar o que possuímos de mais sombrio. Nossos medos e ansiedades, nossas frustrações e invejas, nossa instabilidade e indiferença. Antes disso, nada nos é possível.
Nossa cura está na aceitação e acolhimento de nossas doenças. Na admissão de que não somos semideuses, somos apenas humanos, todos nós, cada um com sua especial diferença. Precisamos vibrar na consciência única de que todos fazemos parte e colaboramos para a construção da antiga e da nova civilização.
Fonte: Terra Esotérico
Blog da Autora do Texto: www.euniceferrari.net