A procura pelo pesque-solte não se resume ao conforto dos barcos-hoteis, que navegam por cinco dias no Rio Paraguai – de Corumbá a barra do Rio Cuiabá.
Com resistência de pescadores e empresários, começa nesta terça-feira o pesque-solte no Rio Paraguai, antecedendo em um mês o início da temporada de pesca esportiva no Pantanal. A modalidade foi instituída em 2004, mas de lá para cá não houve medidas governamentais e do trade turístico para atrair um novo público para os rios piscosos da região.
De um total e 28 barcos-hotéis que operam com pesca esportiva de março a outubro em Corumbá, apenas cinco buscaram cativar seus clientes para o pesque-solte. A maior embarcação, o Kalipso, que transporte mais de 100 pessoas acomodadas em camarotes, fará uma viagem mesclando a pesca sem captura e a esportiva, saindo dois dias antes do início da temporada.
A Acert (Associação das Empresas de Turismo de Corumbá) está empenhada em viabilizar o pesque-solte e iniciará uma campanha, no dia 11 de fevereiro, em favor da cota zero (hoje o pescador leva cinco quilos e mais um exemplar de qualquer tamanho). Internamente, a entidade terá que motivar o empresariado a aderir a pesca sem captura.
Para alguns donos de barcos, o mês de fevereiro é ruim porque a concentração de pernilongos incomoda o turista no período chuvoso. A presidente da Acert, Joice Santana Marques, diz que essa justificativa não procede – o mosquito está presente o ano todo no Pantanal. A maioria das agências prefere manter os barcos em manutenção na baixa temporada.
Mais clientes
A procura pelo pesque-solte não se resume ao conforto dos barcos-hoteis, que navegam por cinco dias no Rio Paraguai – de Corumbá a barra do Rio Cuiabá. A Acert estima que aproximadamente dois mil turistas virão ao Pantanal em fevereiro e, muitos, tem reservas em pousadas localidades mais a leste e sul de Corumbá, nas localidades de Albuquerque e Morrinho.
“É uma modalidade de pesca que veio para ficar”, afirma a empresária Raquel Amaral, que trabalha o mês com seus dois barcos. As operadoras fizeram promoções para atrair novos clientes, com descontos de até 20% nos pacotes de pesca esportiva e parcelamentos. Em 2010, a empresária Joice Marques operou uma semana, agora tem grupos para quatro.
O novo perfil de pescador, segundo a Acert, vai contribuir para o sucesso da campanha pela cota zero e moratória a pesca do dourado, uma das espécies mais ameaçadas da fauna ictiológica do Pantanal. Em recente reunião com a Fundação de Turismo de MS, o trade cobrou apoio do governo estadual, que não apóia o segmento e ainda criou uma Lei de Pesca polêmica.