SESACIONALISMO, O MAIS BARATO E A DESINFORMAÇÃO CRÔNICA.

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Todo jornal impresso quando começa a circular opta pelo grotesco, o inusitado e o nu para chamar a atenção e captar leitores. Conforme a circulação vai se firmando, lentamente a linha editorial vai mudando e quando “o povão” percebe; já está lendo sobre economia, política e outras coisas mais importantes. O nu, e as fotos grotescas desaparecem completamente ou são relegadas a um pequeno espaço fadado a desaparecer assim que um anunciante se interessar.

Quem não se lembra daquele jornal “que se torcesse saía sangue” em sua cidade? Aqui no Rio de Janeiro tivemos muitos; hoje são todos “respeitáveis” senhores com colunistas importantes e gente “importante” falando sobre qualquer coisa. Mas o “pé na lama” do passado sensacionalista é um dos pesadelos de muitos jornalistas que hoje são considerados “monstros sagrados”.

Já na Televisão, a coisa parece que andou ao contrário. A aferição da audiência apenas pelas classes médias e baixas de São Paulo tornou a TV brasileira um festival de sangue, suor e lágrimas. Não que isso ficasse longe no passado. Mas hoje, você pode navegar pelos canais da TV aberta e ter a incrível sensação de que não mudou de canal.

Todo esse papo é citado apenas para debater a recente “atrocidade” cometida por nossos militares no Rio de Janeiro e que, em todo jornal impresso e telejornal, é citada a exaustão como uma tortura cruel e sanguinária de dois jovens indefesos e inocentes.

É caro que o acontecido foi um erro lamentável, mas está muito longe de ter sido uma tortura sádica e muito próximo de um acidente simples; causado apenas pela incrível mania que o governo tem de achar que “o mais barato” é bom.

Os militares e o comando foram tácitos ao afirmarem que houve a necessidade do emprego de armas não letais (quando a legislação militar é clara em garantir que eles poderiam ter sido mortos imediatamente), porque ao serem flagrados invadindo uma área militar onde estão armazenados produtos químicos de alta periculosidade utilizados na fabricação de armas (logo não é uma invasão inócua e sem qualquer risco), para fumarem maconha. Ao serem apanhados em flagrante; regiram com violência e foram dominados com o uso de gás pimenta e com armas de choque (os cassetetes elétricos).

Por que então as graves queimaduras? Por que o horrível desenlace?

Segundo inúmeros “especialistas” que (como no caso Eloá) dão seus palpites de cinco em cinco minutos, o spray de pimenta não pode se incendiar porque é apenas um extrato vegetal inerte. Sim isso é verdade. O que os “especialistas esquecem” é que existem inúmeros fabricantes do produto aqui e no exterior; e muitos utilizam como propelente um determinado gás chamado BUTANO. Você conhece? Tenha certeza de que sim; mesmo que não “ligue o nome à pessoa”, o BUTANO é o famoso gás de cozinha.

Isso mesmo, com a proibição dos CFC’s por toda parte, todas as empresas que fabricam produtos em aerosol trocaram esses gases por diversos outros; entre eles o Butano. E esse gás, como já deve ser óbvio é altamente inflamável.

E você sabe, desde criança, o que ocorre quando um gás como este vaza na sua cozinha e você acende liga um interruptor qualquer: A faísca provocada (mesmo invisível para você) provoca a ignição do gás e uma explosão; transformando a sua cozinha numa sucursal do inferno.

E foi exatamente isso que aconteceu com os “meninos”. Muito longe de uma tortura sádica e tendenciosa, o que houve foi um terrível acidente provocado por um material de baixa qualidade e barato. Ao atingirem os “garotos” com o spray de pimenta, os soldados também impregnaram as roupas dos “garotos” com o propelente. Ao reagirem e serem contidos com a necessidade do choque elétrico, a faísca que o cassetete provoca iniciou a ignição e queimou as roupas dos “garotos”.

Você duvida disso? A mesma “experiência” foi demonstrada “de passagem” num telejornal uma única vez por um especialista do exército. Ele borrifou uma camisa com o spray de pimenta e ao acionar o cassetete elétrico sobre ela a ignição foi instantânea.

Ainda duvida?

Houve um episódio da série C.S.I. Lãs Vegas onde um investigado teve de ser detido com o uso do gás pimenta e de uma Taser (Pistola Elétrica). O resultado: Morte numa bola de fogo. Lá o policial foi “em cana”. Isso porque nos E.U.A. eles já sabem disso há séculos.

Quando os primeiros sprays de pimenta começaram a ser usados, esses acontecimentos tornaram-se um problema, causando lesões graves nos detentos e custando milhões de dólares em indenizações ao governo americano.

Por isso, os sprays de pimenta usados pela força policial, pelos organismos federais de polícia, pelas agências de informação e pelo exército americano NÃO USAM o butano como propelente e sim o CO² que é mais caro, porém inofensivo em relação às armas de choque.

O grande problema, é que antes de buscarem as informações corretas e apurarem todas as possibilidades que envolvem uma notícia, nossa imprensa televisiva prefere o sensacionalismo barato e engrossar o coro dos que clamam por punições pesadas para os “torturadores sádicos” que são os militares. Aqui em nosso país, ser militar é sinônimo de torturador e de sádico e, em momento algum se ressalta que os “garotos” estavam cometendo um ilícito e reagiram a abordagem. Além disso, se os maconheiros provocassem um acidente de gravíssimas proporções na instalação por mexerem ou danificarem alguns dos com postos altamente perigosos e voláteis guardados ali; certamente os militares seriam cobrados pela ineficiência.

O que ocorreu foi uma terrível fatalidade provocada pela ineficiência de nosso governo em pensar na qualidade ao invés do preço baixo. Economizar em armas e munições, letais ou não é uma imbecilidade que se comete ano após ano sem que o povo se dê conta disso.

Os garotos foram os agentes de sua própria desgraça e o governo pecou pelo desconhecimento e pelo desleixo com que gere a máquina militar brasileira. Imaginar que sprays de pimenta com gás inflamável foram banidos das forças militares e policias ao redor do planeta por pura “frescura” e que governos muito mais sérios do que o nosso pagam uma fortuna a mais para ter um material de melhor qualidade é próprio de nossos “burrocratas” que mal sabem ler.

Armas e preços baixos dão um único resultado: Problemas.

Agora, é muito fácil acusar os pobres idiotas que utilizaram o material que tinham a mão para se defenderem de dois drogados. Mas, como estamos no Brasil e ser criminoso é o certo; esses soldados serão punidos com toda severidade que a mídia exige sem nunca terem tido culpa de nada.

São tão vítimas quanto os garotos. Contudo, dizer isso não dá IBOPE e nem vende jornal.

Pense nisso.

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SESACIONALISMO, O MAIS BARATO E A DESINFORMAÇÃO CRÔNICA.

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