Um projeto de crescimento e engorda de robalo-peva em água doce é desenvolvido há dois anos pelo Pólo Regional do Vale do Ribeira/APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, em parceria com a Associação dos Mineradores de Areia do Vale do Ribeira e Baixada Santista. O projeto é conduzido pelos pesquisadores Camila Fernandes Corrêa, Antonio Fernando Gervásio Leonardo e Leonardo Tachibana e tem o apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa Agropecuária (FUNDEPAG).
A primeira fase do trabalho abordou o manejo alimentar, diz Camila Correa. “Como nós tínhamos pouco conhecimento na parte de engorda, então procuramos conhecer como os peixes se comportam na água doce e qual a forma de manejar e alimentar”. Um dos experimentos visa testar o crescimento consorciado com tilápia e carpa, “tudo em tanque-rede, escala pequena em fase de berçário”.
Outro experimento abrange o sombreamento, “para ver se há necessidade de sombreamento, ou não, da estrutura de tanque-rede”, explica Camila. Já o trabalho sobre freqüência alimentar verifica “se devemos alimentar o peixe uma vez, duas ou quatro vezes ao dia”.
Na última parte, os pesquisadores estudam o tipo de alimento: “se é melhor dar uma ração extrusada ou peletizada”, conta Camila. “Normalmente, com peixes comerciais, se usa a extrusada, porque é uma ração que flutua e se consegue ver o peixe comendo; você sabe qual é a demanda, se o peixe está realmente se alimentando.” Porém o robalo é um peixe que tem o hábito de se alimentar mais na coluna d´água, não na superfície, explica Camila. Assim, a pesquisa busca verificar qual das duas rações (extrusada ou peletizada) apresenta melhor resultado no crescimento do robalo.
Até agora, “observamos que o robalo se adaptou bem às condições de cativeiro, de criação”, diz Camila, mas “há muito que estudar ainda”. Também foi visto que, na chegada do peixe, houve uma mortalidade grande, diz Camila. “Por isso, precisamos melhorar a recepção, após o transporte, com mais cuidado para melhorar a sobrevivência.”
Mas os peixes, depois que estão instalados, apresentam bom nível de sobrevivência, o crescimento é relativamente bom, não há problema de mortalidade, constatou Camila. “Observamos que a freqüência de alimentação duas vezes por dia, por exemplo, é uma boa freqüência.”
O desempenho do robalo foi um pouco melhor com um sombreamento no tanque-rede, do que sem o sombreamento, explica a pesquisadora. Camila verificou, ainda, que o robalo se adapta bem à criação com outras espécies de peixe.
Parceria
O projeto começou com um estudo da água nas áreas de mineração, em parceria com a Associação dos Mineradores de Areia do Vale do Ribeira e Baixada Santista, diz Camila. “Eles tinham interesse de preservar o ambiente onde extraem areia, pois existe a idéia por parte da população de que extrator de areia só devasta, não cuida. Então, a Associação manifestou o interesse pelo robalo-peva, que é uma espécie nativa que ocorre no rio.” Além disso, “o robalo é muito famoso aqui, todo mundo gosta de pescar, as pessoas vem ao Vale do Ribeira para comer robalo. E as pessoas da região diziam que o robalo do mar tem sabor diferente do peixe do rio e que elas preferem o do rio. Então, isso foi o gancho para começarmos esse projeto”, conta Camila. O apoio da Associação permitiu a contratação de estagiário e montagem de estrutura de tanque-rede.
Já os alevinos para o projeto foram fornecidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) onde Camila fez o mestrado. A UFSC desenvolve, desde a década de 1990, trabalho de reprodução e larvicultura de robalo em água salgada, tendo acumulado conhecimento e desenvolvido tecnologia. “Lá eu comecei o meu trabalho com a parte de crescimento inicial, berçário em água salgada. Como eu vim trabalhar na APTA – há quatro anos – resolvi trazer o estudo para água doce, já que o robalo é um peixe que se adapta tanto na água salgada quanto na água doce.”
O Pólo Regional do Vale do Ribeira iniciou outro trabalho com o robalo, que busca comparar o peixe selvagem do mar com o do rio e com o peixe de criação. “Estamos capturando peixes dos três ambientes. A ideia é fazer o teste de composição químico-bromatológica, composição de ácidos graxos, rendimento de carcaça e de filé e também o teste de sabor para ver se as pessoas percebem diferença entre um peixe criado e um selvagem e se tem diferença de peixe do mar e de água doce”, conta Camila.
Fonte : José Venâncio de Resende, www.apta.sp.gov.br
ROBALO: APTA DESENVOLVE PROJETO DE CRESCIMENTO E ENGORDA EM ÁGUA DOCE NO VALE DO RIBEIRA