Rio de Janeiro – O Ministério das Cidades promoveu hoje (9), na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, mais uma ação da campanha permanente do Pacto Nacional pela Redução de Acidentes (Parada – Um Pacto pela Vida), lançado em setembro passado pela presidenta Dilma Rousseff, para cumprir a meta da Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir o número de acidentes com óbitos em 50%, entre 2011 e 2020. As duas primeiras ações ocorreram em São Paulo. A próxima está programada para o dia 16 deste mês, também no Rio.
O chefe de Publicidade do Ministério das Cidades, Antonio Augusto Brentano, lembrou, em entrevista à Agência Brasil, que o país ocupa a terceira posição no ranking mundial de acidentes de trânsito com mortes. “Mas a gente tem trabalhado para reduzir isso”, acrescentou. “O governo tem feito campanhas, especificamente em feriados, quando há um grande aumento do número de acidentes, em especial com óbitos”. Levantamento efetuado pela Polícia Rodoviária Federal desde 2011 indica que esse esforço concentrado do governo tem conseguido diminuir entre 20% e 40% o total de acidentes nos feriados, informou Brentano.
Desde que foi lançado o pacto nacional, a meta do governo é promover campanhas e ações continuadas, não só nos períodos mais críticos, mas durante todo o ano, para diminuir o número de mortes no trânsito. De acordo com o Ministério da Saúde, com base em notificações de acidentes e de óbitos em hospitais, o Brasil apresentou uma média de 42 mil mortes no trânsito em 2010. No ano passado, os dados apontam a ocorrência de 41 mil.
As ações relacionadas ao Parada – Um Pacto pela Vida envolvem testes de habilidades ao volante no protótipo do Simulador de Direção Veicular, desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), cujo uso será obrigatório nas autoescolas a partir de julho de 2013 para a formação de motoristas na categoria B. A decisão é do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
As autoescolas terão até junho do próximo ano para se adequar às normas estabelecidas para o uso do equipamento. Antes de começarem a fazer as 20 aulas práticas nas ruas, os candidatos à primeira habilitação terão de cumprir cinco horas no simulador. O objetivo é que os novos condutores dirijam com mais segurança no trânsito. “A gente está usando o simulador para orientar as pessoas e também para conversar sobre a conscientização no trânsito visando à redução de acidentes”, acrescentou Brentano. O ministério pretende lançar uma campanha publicitária na mídia nacional, a partir do dia 17 de dezembro, sobre o tema. “O principal objetivo é reduzir o número de mortes”, reiterou.
O estudo da UFSC constatou que 50% das pessoas que passaram pelo simulador se envolveram em menos acidentes nos dois anos seguintes ao da habilitação. A coordenadora de Educação do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do Ministério das Cidades, Cristina Hoffmann, disse à Agência Brasil que o simulador foi adotado visando a oferecer uma melhor formação ao condutor, para que ele se torne mais consciente do seu papel de motorista nas vias e estradas e, também, para que ele possa testar mais as suas habilidades.
“Muitas vezes, quando vai para a rua na primeira aula prática, ele está ansioso, está tenso. Com o uso do simulador, ele acaba pulando essas etapas, porque está tendo uma noção do espaço dele na via e isso tudo vai favorecer a aprendizagem na rua depois”, destacou Cristina. A coordenadora avaliou que, fazendo as cinco horas prévias no simulador, “as 20 horas [de aulas] práticas serão mais bem aproveitadas”. No simulador, o condutor enfrenta situações adversas, como chuva forte e neblina, o pode não acontecer durante o treinamento nas ruas.
Pessoas que tiveram a oportunidade de testar hoje o simulador aprovaram a novidade. Mesmo tendo carteira de habilitação, Gleidson Amaral, gerente comercial, pôde verificar que precisa de mais atenção no trânsito. Ele cometeu dois erros na direção por excesso de velocidade. “O simulador é muito legal, porque chama a atenção. Você tem que ter atenção mesmo. É o que precisa no trânsito hoje. As pessoas não estão tendo atenção e isso é preciso para poder completar o percurso sem erro.”
Ahmes Ferraz Severino Júnior é porteiro e também aprovou o simulador. “É uma boa ideia. Isso vai ser muito bom para quem está tirando carteira, porque vai simular como se ele já estivesse dirigindo. Vai ter uma noção dos obstáculos, vai tirar o medo de dirigir, vai ter limites. Gostei da ideia.”
O simulador tem custo equivalente ao de um carro popular, segundo Cristina Hoffmann. Esse custo poderá, porém, ser compartilhado por várias escolas, bem como o uso do equipamento. Ela destacou ainda que o simulador apresenta outra vantagem, que é não emitir gás carbônico na atmosfera.
Edição: Juliana Andrade