ESN: 16675-080201-838850-87
Uma recente pesquisa realizada com mulheres de várias idades e classes sociais revelou um dado estarrecedor: 70% das mulheres que já usam contraceptivos, abortaram.
Mas outro dado muito importante chama a atenção e explica essa alta incidência de abortos entre mulheres que usam métodos contraceptivos: A grande maioria é de católicas.
Você pode se perguntar: E daí?
Esse é um dado muito interessante se levarmos em conta que a Igreja Católica é, e sempre foi, radicalmente contra métodos contraceptivos eficazes e o planejamento familiar.
Esse número alto entre as católicas revela, que o único método autorizado pela Igreja, é o pior de todos: a “tabelinha”. Que na verdade favorece a gravidez indesejada e conseqüentemente o aborto. A idéia de que mulheres que disputam o mercado de trabalho têm famílias grandes ou simplesmente não desejam engravidar possam usar a “tabelinha” e, em caso de engravidarem, criarem seus bebês “sem problemas”, é ridícula.
A Igreja Católica com suas posições anacrônicas e sua hipocrisia secular tende a jogar sobre essas mulheres a culpa e a perspectiva de uma danação futura com o intuito de impedir que os abortos sejam realizados.
Levando em consideração essa pesquisa e as estatísticas de mulheres que morrem, são presas ou fazem abortos no Brasil todos os anos; essa política não tem muito sucesso. Criar um filho exige tempo, recursos e muitas renúncias. Nem todos estão preparados ou dispõe de meios para tal.
A própria criminalização e a estúpida postura da Igreja, contribuem para o alto índice de abortos realizados em nosso país. Se, ao invés da “tabelinha”, fosse incentivado o uso da pílula, esse número absurdo de abortos cairia drasticamente. Se ao invés da criminalização, fossem aplicados cursos, orientações e avaliações psicológicas e sociais, muitas futuras mães poderiam desistir dos abortos.
Não é crível para mim, mesmo como homem, que uma mulher deseje realmente exterminar a vida de alguém que cresce em seu ventre. Se essa criança é fruto de um amor e de uma boa emoção, qual mulher desejaria matá-la? Muitas optam por esse recurso, por não terem perspectivas ou ajuda. Se o Estado e sua Igreja as tivessem amparado verdadeiramente, orientando e incentivando a usar métodos seguros de contracepção, tais atos se reduziriam a índices ínfimos.
Contudo, é mais fácil olhar para o outro lado e fingir que esses problemas não existem. É mais fácil defender o fim de pesquisas com embriões, de banir o uso da camisinha e amaldiçoar o uso da pílula; do que combater a pedofilia, a corrupção e os desvios em seu próprio seio.
O aborto é uma prática desesperada em si. E como tal deve ser vista. Se assim fosse, daríamos meios e recursos para que as mulheres não precisassem chegar até este ponto. E não simplesmente as amaldiçoaríamos ou as prenderíamos.
E você leitor; o que pensa disso?
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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