Dando uma olhada num jornal ontem (15/11) deparei-me com a manchete sugestiva: “FANÁTICA FEZ JEJUM PORQUE QUERIA VIVER NA ZONA SUL”. À primeira vista, quem lê, pode pensar que se trata de uma pessoa sem instrução ou despreparada intelectualmente. Contudo, ao ler mais atentamente a matéria, se é confrontado por fatos inusitados: Além de formada em teologia e cursar direito, a vítima, ainda falava dois idiomas além do português e era uma pessoa “viajada”.
É importante ressaltar, que instrução e inteligência são coisas completamente diferentes. E ao envolver-se religião no mesmo meio, fica muito mais difícil imaginar coisas mais antagônicas do que essas. Uma vez que, quanto mais inteligente e instruída uma pessoa for, teoricamente, mais capaz de julgar as diferenças entre o certo e o errado ela deve ser. Contudo, nesse raciocínio, deve-se levar em consideração que cerca de três por cento da população mundial sofre de algum problema mental. E isso, é uma estatística científica. Imaginando que o mundo tem mais de seis bilhões de pessoas; três pr cento é bastante gente.
Quando ouvimos a palavra fanatismo, quase imediatamente, formamos a imagem mental de homens e mulheres com turbantes e burcas, apenas com os olhos de fora gritando a plenos pulmões: “Alláh!” – E explodindo-se no meio da multidão.
Puro preconceito. O fanatismo é arraigado no interior do homem desde que esse apareceu sobre a face da terra. Com o advento da religião, seja ela qual for, o fanatismo encontrou um terreno fértil para crescer e amadurecer; escondendo-se das mentes vigilantes por trás de dogmas e práticas aparentemente inocentes.
O muçulmano que se explode em nome de Alláh, o fiel católico que vira a cara ou instila seu ódio para praticantes de outras religiões, o “crente” que chuta imagens de santos ou invade centros de macumba, o umbandista que xinga ou lança maldições aos desafetos espirituais; enfim, todas essas formas de fanatismo estão por aí, bem perto de nós.
Quando o primeiro Neandertal percebeu que, dos pântanos e cavernas onde enterravam seus mortos, algo etéreo e brilhante se desprendia dos mortos e subia aos céus; sua mente, que não conseguia entender que eram apenas gases da decomposição se inflamando em contato com o ar (fogo fátuo), concebeu que aquilo era a centelha divina retornando ao seio do criador. Nascia o conceito de alma, que imediatamente depois, deu origem à idéia de um ser maior controlando tudo e, do qual, poderíamos obter benesses: Deus.
Ao mesmo tempo, ele percebeu que outras tribos ou famílias, que ainda não tinham atentado para esse “mistério”; não acreditavam nisso. Logo, eram inferiores a ele e precisavam ser “orientadas” a reconhecer esses “mistérios”. Quando alguns recusaram e ele foi obrigado a matá-los, pois eram uma ameaça, e obteve apoio para seus atos que, em qualquer outra situação, seriam condenados pela tribo, percebeu que matar em nome de Deus era aceitável. Daí para frente nascia o conceito de “guerra santa”. Desde então, nuca se matou tanto ou se fez tanto mal, quanto “em nome de Deus”.
Seja na baixada fluminense, seja no oriente distante, Deus é usado para inúmeras finalidades. De enriquecer facilmente, parasitando pessoas crédulas e despreparadas, até levar milhões a morrer por uma causa e, com isso, propiciar notoriedade, dinheiro e conforto para uma pequena minoria aproveitadora.
Mas do que uma vítima de problemas mentais graves, essa mulher, foi vítima da ignorância e da falta de cultura de sua própria família. Que, ao invés de perceberem que seu objetivo (jejuar para que Deus mandasse um emissário que os levasse para morar na Zona Sul) era irreal e anormal, fruto de algum problema de ordem mental; pactuaram e deixaram-se levar pela conduta fanática dela e, com isso, conseguiram apenas a morte e a destruição de sua própria família.
A história está repleta de exemplos de fanáticos que causaram apenas morte e destruição com suas visões distorcidas de Deus. Além da fé e da dedicação, deve sempre haver o bom senso. Deus e o diabo vivem dentro de nós e esse é o real campo de batalha. Antes de seguir, cegamente, o que diz seu padre, seu pastor, seu pai de santo, seu mula, ou seja, lá qual denominação tenha o sacerdote da fé que você professa; tenha em mente e analise se você faria o que ele pede, se ele fosse um estranho que você encontrou na rua. Deus, mais do que qualquer outra coisa deu a nós um cérebro e inteligência. E, em sua infinita sabedoria, deu meios para que nos desenvolvêssemos e aprendêssemos como usá-los. Não cometa um sacrilégio e nem envergonhe seu Deus: Pense.
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