O inverno é o período mais propício para a proliferação da meningite, devido ao clima seco e frio, cuja maior propagação da doença se dá em locais fechados, com aglomeração de pessoas. Causada por um processo inflamatório das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, a doença vem sendo notícia pelo aumento de incidência bastante comum, nesta época do ano, como vem acontecendo em vários municípios do Estado de São Paulo.
A meningite pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus, fungos, dentre outros, além de agentes não infecciosos. Entre os tipos de meningites bacterianas, o agente mais perigoso é o meningococo (Neisseria meningitidis), uma vez que pode evoluir para meningococemia – forma grave da doença e que pode levar à morte, em algumas horas.
De acordo com dados da GVE 10 – subdivisão regional do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado de São Paulo, que compreende 15 municípios da Região Oeste –, este ano, até 13 de agosto, foram registrados 62 casos de meningite meningocócica.
É importante ressaltar que, apesar dos 2.911 casos de meningite no Estado de São Paulo, registrados este ano, em Santana de Parnaíba a situação é estável, com o município tendo, de janeiro até o momento, 19 casos confirmados e um óbito, sendo que, oito deles foram do tipo meningocócica.
Para esclarecer a população sobre essas ocorrências e, ao mesmo tempo, falar sobre medidas de prevenção, a Rede Globo, com o apoio da Prefeitura de Santana de Parnaíba, exibiu uma reportagem, na última terça-feira (21/08), no SPTV 1ª edição, que é apresentado no horário do almoço, sobre a meningite, tendo como cenário o município de Santana de Parnaíba. Na reportagem, o secretário de saúde do município Tales Garcia explicou à repórter todas as medidas que foram tomadas para que a doença não se propagasse, principalmente, no bairro Cidade São Pedro, onde, dois dos oito casos confirmados de meningite meningocócica, seis ocorreram naquela localidade, inclusive o óbito. “É importante ressaltar que, em caso de confirmação da meningite meningocócica, a Saúde realiza uma espécie de “bloqueio”, onde profissionais da Vigilância Epidemiológica faz uma investigação minuciosa, por meio de entrevista com todas as pessoas que tiveram contato íntimo com a pessoa infectada, visando conter a sua proliferação. Neste caso, ainda, é dada medicação, à base de antibióticos, para matar a bactéria causadora da doença”, explicou Tales.
A Rede Globo também entrevistou os avós de Weslley da Silva, de 15 anos, que faleceu em decorrência da meningite meningocócica, há cerca de duas semanas. De acordo com o Secretário Municipal de Saúde Tales Garcia, todos os procedimentos médicos padrões foram providenciados, incluindo a realização do exame de retirada de uma pequena quantidade do líquido cefalorraquidiano (LCR), através de punção lombar, para se diagnosticar a doença, inclusive, apontando o tipo de microorganismo causador. O que justifica o seu falecimento seria o fato da meningite que o acometeu ter evoluído para meningococemia, forma grave da doença e que, na maioria dos casos, leva à morte. “Fizemos o possível para salvar a vida dele, realizamos todos os exames necessários para conter a doença, mas, infelizmente, o garoto acabou falecendo algumas horas depois de dar entrada na unidade de saúde”, ressalta o secretário de Saúde.
Já Keliane da Silva, moradora de Santana de Parnaíba, também acometida pela doença, agradece ao fato de, apesar de ter contraído meningite, a moléstia não ter evoluído para um caso grave. “Nasci de novo, pois poderia ter ficado com seqüelas, de acordo com os médicos, porém, não apresentei nada e estou bem”, afirmou a jovem, entrevistada para a mesma matéria exibida pela TV Globo, no SPTV 1ª edição, do dia 21/08.
Combate à doença
Desde quando constatou os primeiros casos de meningite no município, a Prefeitura de Santana de Parnaíba tomou todas as medidas necessárias para se prevenir e combater a proliferação da doença, inclusive, intensificando algumas delas, já realizadas normalmente. Uma dessas medidas aconteceu logo na primeira quinzena de agosto, quando profissionais da Secretaria Municipal de Saúde se reuniram com os pais dos alunos dos Colégios Municipais do Cidade São Pedro – bairro onde foram registrados a maioria dos casos.
O objetivo desta ação, que foi promovida nos Colégios Professora Ana Aparecida Santana, Doutor Paulo Octávio Botelho e Juscelino Kubitschek de Oliveira, foi esclarecer os pais dos alunos a respeito da doença, bem como levar orientações de como preveni-la. Além disso, a ideia não era provocar alarde na população local, visto que todas as medidas municipais necessárias estão sendo realizadas na cidade.
Outra medida emergencial tomada pela municipalidade aconteceu, recentemente, quando técnicos da Vigilância Epidemiológica da cidade, Setor da Secretaria Municipal de Saúde, elaboraram um relatório, contendo todo o levantamento dos casos de meningite registrados na cidade, e o enviaram para o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), órgão do governo estadual.
Além disso, a equipe da Vigilância Epidemiológica do município, após reunião com membros da GVE e CVE, enviou um relatório ao Ministério da Saúde, que deve dar um parecer técnico sobre a realização de uma imunização específica para um determinado grupo de pessoas que residem na localidade de maior incidência da doença no município. Visto que, quem fornece a vacina contra a meningite é o governo federal.
Também profissionais da Secretaria Municipal de Saúde, em conjunto com a equipe da Secretaria de Estado da Saúde, estão realizando, desde a última segunda-feira (20/08), um “estudo de caso” referente aos registros da doença ocorridos na cidade, que devem nortear as ações futuras em Santana de Parnaíba.
Quem tiver dúvidas ou quiser obter mais informações sobre a meningite e como preveni-la, a Prefeitura de Santana de Parnaíba orienta que a pessoa procure a unidade mais próxima de sua residência, ou então, entre em contato na Vigilância Epidemiológica da cidade, pelo telefone 4622-8850.
Prevenção
A transmissão da meningite meningocócica ocorre através de gotículas de saliva contaminadas e pode ser transmitida, tanto por pessoas que desenvolveram a doença, quanto por aquelas que são apenas portadoras, ou seja, estão contaminadas, mas não apresentam sintomas.
A principal forma de prevenção da meningite é a sua detecção e o tratamento precoce dos casos, evitando, assim, que a doença seja transmitida a outras pessoas. Outro modo de proteção contra a doença é evitar aglomerações, manter os ambientes ventilados e a higiene ambiental e pessoal.
Os principais sintomas da doença, independente da causa, são: febre a partir de 38º, náusea, vômito, rigidez da nuca (impossibilidade de mover a cabeça para frente), dor de cabeça forte, desânimo, manchas avermelhadas na pele e, em alguns casos, estado de confusão.
Por isso, a Prefeitura de Santana de Parnaíba alerta que, em casos de suspeita de meningite, é fundamental que a pessoa procure com urgência a unidade de saúde mais próxima de sua residência. Isso porque, caso não sejam tratadas, alguns tipos de meningites podem deixar sequelas graves na pessoa infectada com a doença e, em situações mais graves, até levar à morte.
Desde 2010, alguns tipos de meningite estão sendo prevenidos com a aplicação de vacinas contra a doença nas crianças com até de dois anos de idade. Por meio do Programa Nacional de Vacinação, que incluiu no calendário nacional de vacinação do público infantil na Rede Pública de Saúde, estabelecido pelo Ministério da Saúde, as imunizações existentes atualmente são contra a meningite Haemophilus influenza tipo b (presente na Tetravalente), pneumocócica 10-valente e a meningocócica C.
Em Santana de Parnaíba, desde quando a imunização contra a meningite foi inserida no calendário nacional de vacinação das crianças com idade até dois anos, fornecido na Rede Pública de Saúde, por meio do Programa Nacional de Vacinação, do Ministério da Saúde, os casos da doença nesta faixa etária reduziram.
Tanto que, dos casos registrados, este ano, na cidade, a faixa da população mais acometida está entre 20 e 30 anos. Isso porque, a faixa etária atendida com vacina contra a doença em Santana de Parnaíba, somente, este ano, imunizou 99% do público-alvo desta ação, sendo que, em 2011, esse número foi de 103%.
Segundo o CVE, a introdução da vacina contra a meningite vem sendo bastante positiva, uma vez que provocou uma redução de 59% nos casos de meningite pneumocócica no Estado de São Paulo. Também houve uma diminuição de 62% nas mortes provocadas pela doença, visto que, antes da distribuição da vacina, eram registradas 43 mortes por ano, em média. Em 2011, ano seguinte ao início da imunização, caiu para 16.
No período anterior à vacinação, foram registrados 1.187 casos de meningite em crianças com menos de dois anos – média de 131 por ano. Em 2011, houve 57 registros. A incidência da doença caiu de 10 para 5 casos em cada 100 mil crianças.