Oi Bili,
Quanto tempo heim! Não procuro mais o seu rosto pelos ônibus lotados que trafegam na cidade. Tal hábito tornou-se inútil. A cidade ficou infernal. Sem você, não é a mesma. A cidade queimou as nossas brasas, cidade cinza. É outono na América do Sul e eu continuo na minha tocada despretensiosa. Nesse tempo, apurei o meu gosto por coisas miúdas. Amo miudezas. Gosto não se discute, não é mesmo? Me conta: como tem passado? Tem ido ao cinema? Aos concertos de piano? E o seu amor pelas flores? – flores estão entre as miudezas que mais aprecio. O mundo é mesmo pequeno, desculpe-me pelas frases batidas. Não sei o que falar numa hora dessa. Saudade é coisa que não se explica, que não se forja. Ah, sei lá… Já fui mais festeiro, mas confesso que ando meio devagar ultimamente e quando fico assim…
Agora preciso ir, alguém -na cozinha- me espera enquanto prepara arroz, feijão e afeto.
Tchau Bili, vê se aparece heim!
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