Este ano, a justiça eleitoral demonstrará umas das mais incríveis particularidades brasileiras: O paradoxo ético. Você pode perguntar: Mas, como assim?
Simples; com a aprovação da fidelidade partidária, dezenas de suplentes que ficaram de fora da mamata e dos conchavos que nossos políticos tanto amam, começam a pleitear na justiça, a posse dos mandados dos infiéis. Com isso, uma medida que, em tese, traria a ordem e um pouco de ética as nossas eleições; fortalecendo os partidos, será a causa do retorno de uma das figuras mais emblemáticas e de péssima lembrança do cenário político brasileiro: Severino Cavalcanti.
Aí está o “paradoxo ético”: Pois uma medida moralizadora servirá para dar vida nova a um corrupto. E, com isso, novas oportunidades de “se dar bem” e de “arrumar um qualquer” em seu mandato. Denunciado e processado por exigir propinas para a renovação do contrato dos restaurantes do Congresso Nacional, Severino, sempre exerceu seu direito à mediocridade mental com plenos poderes. Encampou a idéia e aprovou um aumento absurdo para os salários dos deputados e, quando houve uma “grita” geral da nação, voltou atrás e dizendo-se preocupado com os gastos públicos, revogou o aumento; apenas para disfarçá-lo na calada da noite com um absurdo aumento nas verbas de participação dos deputados; aquelas que são “comprovadas” através de “notas fiscais” sempre idôneas.
Seu retorno ao cenário político, encerra uma verdade dramática e terrível: Nosso eleitor não está “nem aí” para os atos de seus candidatos. Isso fica claro, ao analisarmos que os acusados pelos escândalos mais largamente divulgados e cobertos pelos meios de comunicação do país: O Mensalão, As Sanguessugas e O Mensalinho (O caso de Severino); em sua grande maioria se reelegeram sem maiores complicações. Mesmo com as constantes reclamações, gritarias, passeatas e todo o tipo de protesto; ao chegarem às eleições, lá estão as figuras carimbadas de sempre sendo eleitas e diplomadas.
Educação, instrução e, principalmente, vergonha na cara; são essenciais para que nosso eleitor aprenda que votar por votar, é uma dos maiores crimes que ele pode cometer. E que, neste crime, a vítima é sempre ele próprio. Toda vez que um político é flagrado cometendo atos ilegais e você o reelege, transmite a mensagem clara de que roubar é permitido. Ser canalha e apropriar-se do dinheiro público deve ser a meta de todo político.
A grande maioria da população tem a ilusão de que a coisa pública não lhe pertence. Assim, quando alguém se apropria dela, essa massa tende a entender que não é seu o problema. Infelizmente, só serão apresentados à realidade, quando suas vidas estiverem em perigo: Ao precisarem de hospitais, saneamento, ou infra-estrutura em seus locais de moradia. Aí, invariavelmente, o resultado da roubalheira é a morte de quem precisava receber aqueles recursos.
O dinheiro público; É PÚBLICO, no entanto tem dono: Você. Pois através de seus impostos e contribuições, o país pode lhe dar médicos, hospitais, segurança, educação e todos os serviços que o cidadão precisa para viver. Portanto, pense antes de votar. Acompanhe seu voto após as eleições. Saiba o que anda fazendo o seu candidato. Entenda o que acontece a sua volta e combata os desvios e os conchavos. Suspeite do candidato que gasta milhões para eleger-se. Suspeite de ofertas mirabolantes e promessas fantasiosas. Se você raramente vê o seu candidato fora da época da eleição; dificilmente o verá depois. E as promessas e ofertas ficarão esquecidas; abafadas sob os enormes envelopes de dinheiro que ele estará recebendo nas suas costas. E você? Bem; você apenas reclamará. E, se tiver sorte, chegará vivo as próximas eleições.
Caro leitor, você costuma acompanhar o desempenho do seu candidato?