Quando eu era criança, havia uma série de TV que eu amava: “Guerra, Sombra e Água Fresca”. A temática era hilária e improvável: Um grupo de soldados prisioneiros de guerra, criou uma organização que patrocinava fugas da Alemanha Nazista, diretamente do campo de concentração. A série foi baseada numa fuga real, ocorrida no Stalag Luft Nord, durante a Segunda Guerra Mundial. Fato este, que por sua vez, virou um filme famoso com Steve MacQueen e diversos outros “feras” do cinema (Fugindo do Inferno).
Mas na sátira, os prisioneiros faziam o que queriam com os alemães que mesmo considerando o campo “a prova de fugas”, não entendiam como um número cada vez maior de militares aliados escapava dos campos subjacentes e de instalações da Gestapo nas proximidades. E ficavam “batendo cabeça” tentando descobrir o que acontecia bem debaixo de seus narizes.
Bem; deixando o cinema de lado e caindo na realidade, sabemos que todo preso tem o direito de tentar escapar. E nós, como sociedade, temos o direito de tentar impedi-los; usando de quaisquer meios disponíveis. Inclusive com o uso de força letal.
Mas vivemos num país tropical. Temos maioria católica. Nosso povo é considerado um dos mais pacíficos do planeta. Tudo, por aqui, é motivo para um churrasco, um sambinha e uma pelada.
Em qualquer país civilizado do mundo. Um criminoso ao tentar exercer o seu direito de escapar e sendo recapturado ou impedido é, automaticamente, encaminhado para um regime disciplinarmente mais duro do que aquele em que vivia. Nos EUA e em alguns países da Europa, chegam a ser encarcerados em celas individuais, compartimentadas e sem qualquer acesso ao convívio humano por anos. Alguns acabam até enlouquecendo.
Mas não por aqui. Nós somos muito mais evoluídos do que eles. Temos uma larga experiência com o trato de prisioneiros e sabemos que isso não adianta. Devemos sim: Premiá-los.
Pois foi isso mesmo que fez a justiça do Rio Grande do Sul. Um preso de alta periculosidade, de apelido “Papagaio” (só pode ser brincadeira), condenado a mais de trinta e seis anos de prisão por vários assaltos a carros-fortes; sendo extremamente violento além também de ser conhecido como “mestre em fugas” (foi o único preso que escapou de uma das mais seguras penitenciárias brasileiras). Após isso tudo, foi premiado com a progressão de pena para o regime semi-aberto.
Ora, “mas é um direito dele”. Nesse tempo em que ficou preso, “pode ter se transformado” em um “homem de bem” – dirão os “defensores” dos direitos humanos. Ok. Vocês podem estar certos. Afinal, todos podem “mudar”.
É, mas não foi o caso do Papagaio. Nesse curto período em que esteve no regime semi-aberto, ele tentou fugir três vezes. “Tentou” é maneira de falar; ele fugiu. Pois na primeira vez, “desapareceu” do presídio por um dia, sendo recapturado. Na outra vez, em seu horário de trabalho, foi preso por policiais num bar completamente embriagado. E, nesta última tentativa, sumiu; escafedeu-se. Isso mesmo. Antes de desaparecer, ele fugiu DUAS vezes e mesmo assim não teve a progressão de regime revertida. As questões são simples:
Primeiro: Como um elemento de alta periculosidade; que havia tentado fugir (inclusive logrando êxito) diversas vezes, é agraciado com a progressão de pena por bom comportamento?
Segundo: Por que, ao ter fugido não apenas uma; mas DUAS vezes do presídio semi-aberto, ele não foi reintegrado ao regime fechado?
Até acredito que, neste caso, não houve corrupção. Houve mesmo leniência e descaso das autoridades. Afinal, para elas, é mais um nas ruas. E… tanto faz. Afinal, eles têm seguranças armados, carros blindados e uma escolta policial sempre que quiserem.
Nossas leis podem ser ótimas. Mas para criminosos suíços. Para os nossos, são apenas um convite à delinqüência.
E você, o que acha?
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Post Original do Blog: Visão Panorâmica