Nesta época do ano, costuma-se ter uma maior incidência de meningite (processo inflamatório das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal), devido ao clima seco e frio, cuja maior propagação da doença se dá em locais com aglomeração de pessoas em locais fechados.
Assim, ao longo do ano, a Secretaria Municipal de Saúde promove um trabalho de conscientização, junto à população, sobre a importância de se prevenir a doença e os cuidados necessários para evitá-la. Os profissionais da saúde, ainda, alertam para, em casos de suspeita de meningite, a importância da urgência de se procurar as unidades de Pronto Atendimento Médico (PAMs) da cidade. Isso porque, caso não sejam tratadas, alguns tipos de meningites podem deixar sequelas graves na pessoa infectada com a doença e, em situações mais graves, até levar à morte. Em caso de confirmação da doença, a Saúde realiza uma espécie de “bloqueio”, onde é feita uma investigação minuciosa, por meio de entrevista com todas as pessoas que tiveram contato íntimo com a pessoa infectada, visando conter a sua proliferação.
É importante dizer que apesar do aumento dos casos de meningite no Estado de São Paulo, registrados este ano, em Santana de Parnaíba a situação é estável, com o município tendo, de janeiro até o momento, oito casos confirmados e um óbito. “Não há motivos para alarde, pois, em comparação a outras localidades, a nossa situação está sob controle e estamos tomando todas as medidas cabíveis e necessárias para evitar o aumento da doença no município. Além disso, vale ressaltar que as nossas ações de prevenção e combate à meningite acontecem durante todo o ano, visando, exatamente, levar segurança e qualidade de vida a nossa população”, afirma o secretário municipal de Saúde Tales Garcia.
Em caso de dúvidas ou mais informações, a Prefeitura orienta que a pessoa procure a unidade mais próxima de sua residência; ou se preferir, entre em contato na Vigilância Epidemiológica da cidade, pelo telefone 4622-8850.
A meningite e seus sintomas
A meningite pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus, fungos dentre outros, além de agentes não infecciosos. De acordo com o médico infectologista Fernando Vieira de Souza, que atua na Vigilância Epidemiológica da cidade e no Centro de Especialidades Parnaibano (CEP), entre os tipos de meningites bacterianas, o agente mais perigoso e letal é o meningococo (Neisseria meningitidis). “Este provoca a meningite meningocócica que pode evoluir para meningococemia (forma grave da doença), que leva à morte em algumas horas, caso não seja tratada adequadamente”, alerta o infectologista.
Outras duas bactérias, menos comuns, causadoras de meningites são o pneumococo (Streptococcus pneumonae) e o hemófilo (Haemophylus influenzae) que provocam mais seqüelas auditivas e visuais e com menor letalidade em relação à infecção pelo menigogoco. Já a meningite viral, causada pelo herpes vírus, pode provocar danos cerebrais se não tratada adequadamente.
Todos os tipos de meningite apresentam sintomas semelhantes, independente da causa, sendo que os mais comuns são: febre a partir de 38º, náusea, vômito, rigidez da nuca (impossibilidade de mover a cabeça para frente), dor de cabeça forte, desânimo, manchas avermelhadas na pela e, em alguns casos, estado de confusão. O diagnóstico da doença somente é possível com a retirada de pequena quantidade do líquido cefalorraquidiano (LCR), através de punção lombar, para a realização do exame que aponta, inclusive, o tipo de microorganismo que está causando a doença.
Transmissão e tratamento da doença
A transmissão da meningite meningocócica – a mais comum e perigosa, podendo até levar a pessoa infectada à morte – ocorre através de gotículas de saliva contaminadas. Ela pode ser transmitida tanto por pessoas que desenvolveram a doença quanto por aquelas que são apenas portadoras, ou seja, estão contaminadas, mas não apresentam sintomas.
Já no caso das meningites causadas por pneumococo e hemófilos, a transmissão não acontece através do contato interpessoal. Ou seja, no caso da pneumococo, a doença pode surgir a partir de um quadro de sinusite ou otite; e no tipo hemófilos, costuma acometer crianças com até seis meses de vida ou imunodeprimidas.
As meningites bacterianas precisam de tratamento imediato com antibióticos específicos e em ambiente hospitalar. As meningites virais podem ou não necessitar de internação, mas essa avaliação deve sempre ser feita por médico qualificado. O tratamento da meningite viral inclui repouso e cuidados gerais, não precisa ser tratada com antibióticos.
Como prevenir a doença?
De acordo com o Ministério da Saúde, a principal forma de prevenção da meningite é a detecção e o tratamento precoce dos casos, evitando, assim, que a doença seja transmitida a outras pessoas. Outro modo de proteção contra a doença é evitar aglomerações, manter os ambientes ventilados e a higiene ambiental.
Desde 2010, alguns tipos de meningite estão sendo prevenidos com a aplicação de vacinas contra a doença nas crianças com até de dois anos de idade. Por meio do Programa Nacional de Vacinação, que incluiu no calendário nacional de vacinação do público infantil na Rede Pública de Saúde, estabelecido pelo Ministério da Saúde, as imunizações existentes atualmente são contra a meningite Haemophilus influenza tipo b (presente na Tetravalente), pneumocócica 10-valente e a meningocócica C.
Em Santana de Parnaíba, desde quando a imunização contra a meningite foi inserida no calendário de vacinas, as crianças com até dois anos de idade têm recebido a vacina contra a doença, sendo que, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, 99% do público-alvo desta ação estão cobertas este ano, sendo que, em 2011, esse número foi de 103%.
Segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a introdução da vacina contra a meningite vem sendo bastante positiva, uma vez que provocou uma redução de 59% nos casos de meningite pneumocócica no Estado de São Paulo. Também houve uma diminuição de 62% nas mortes provocadas pela doença, visto que, antes da distribuição da vacina, eram registradas 43 mortes por ano, em média. Em 2011, ano seguinte ao início da imunização, caiu para 16.
No período anterior à vacinação, foram registrados 1.187 casos de meningite em crianças com menos de dois anos – média de 131 por ano. Em 2011, houve 57 registros. A incidência da doença caiu de 10 para 5 casos em cada 100 mil crianças. Foram analisados os casos da doença durante o ano de 2011 e comparados com os dados entre 2001 e 2009. Vale citar que o Brasil foi um dos pioneiros na introdução dessa vacina, ao lado de Finlândia, Holanda, algumas regiões do Canadá e da África.