* por Carlos Hilsdorf
A maioria das pessoas acredita que tem boas idéias, e tem mesmo! Não falo daquelas idéias que possuem um rasgo de genialidade, estas são mais raras, mas falo de boas idéias, idéias que agregam valor de fato.
Vale ressaltar que ter boas idéias é uma coisa bem diferente de ter boas idéias quando se precisa delas. Isto de desenvolver boas idéias sob medida e de acordo com a demanda é um exercÃcio, consiste no desenvolvimento de uma competência. Competência, aliás, que muito beneficia a vida e a carreira de seus possuidores.
O fato é que a maioria das pessoas tem boas idéias, destas que agregam valor, mas poucas destas idéias chegam a se materializar para o bem de todos. Por quê?
Há muitas razões para isso, vejamos algumas.
Uma primeira e alarmante razão é que as pessoas (mesmo seus superiores) muitas vezes não entendem, de fato, do que estão fazendo e sobre o que estão falando. Existe muita representação no ambiente corporativo, espécies de atores corporativos que fingem saber o que em verdade ignoram.
Esta distorção vem do nosso processo educacional. Pesquisas recentes feitas pelos maiores especialistas nas questões cognitivas revelaram que:
Quando um aluno universitário, por exemplo, tenta explicar um fato novo com base em uma teoria já estudada, enfrenta uma enorme dificuldade. Ele está muito mais familiarizado com os exemplos que estudou do que com a realidade própria. O mais alarmante foi que estes experts constataram que a imensa maioria destes alunos oferecem respostas incrivelmente semelhantes a outros alunos que nunca estudaram a disciplina proposta! Frequentemente eles oferecem respostas monocausais e simplistas!
Isto prova uma deficiência crônica do nosso processo de educação, seu fracasso na formação de senso crÃtico, capacidade de julgamento criterioso da realidade objetiva.
Por isso não se assuste se uma boa idéia, daquelas embasadas, conceitualmente corretas e dotadas de extremo bom senso, não estiver sendo ouvida e entendida. Há muito mais pessoas despreparadas para ouvir uma boa idéia do que você imagina!
As demais causas são mais evidentes por isso comentarei brevemente.
A segunda consiste no comportamento medÃocre de alguns de não deixar que as boas idéias dos outros apareçam. Assim pessoas que têm o poder de levar sua idéia adiante, não o fazem porque a idéia não é delas ou não poderão se beneficiar ao menos parcialmente de sua autoria. Para manter você “low profile”, estas pessoas impedem suas idéias de caminharem dentro da organização.
A terceira é a tendência em evitar a implantação de mudanças. Claro que todos sabem que a mudança é a tônica da vida (inclusive corporativa), mas ai vem a famosa barreira “no meu departamento não”!
As pessoas são a favor da mudança sempre que esta não envolva muito esforço para ser implantada (mesmo quando os benefÃcios são evidentes) e não obrigue a uma reestruturação da sua zona de conforto. Assim uma ótima idéia é “apagada” antes que gere esta onda de ações cujo efeito cascata significa: trabalho extra.
A quarta requer atenção. O Fato de você estar apresentando uma boa idéia, não necessariamente, significa que você está apresentando bem a uma boa idéia. Se a sua idéia for incrÃvel, mas, você não tiver a arte de apresentá-la bem, com impacto e persuasão, você corre o risco de que ninguém te leve a sério e não perceba o valor da idéia. Muitas idéias não são ouvidas porque falhamos ao apresentá-las!
Sempre que uma boa idéia não estiver sendo aceita lembre-se de checar as causas anteriores e guarde esta preciosa citação:
“Toda verdade passa por três etapas: primeiro é ridicularizada, depois é violentamente antagonizada e por último é aceita universalmente como auto-evidente”.
(Arthur Schopenhauer, O mundo como vontade e representação)