Políticos são seres estranhos. Dotados de uma inteligência superior para criar, buscar e localizar fontes de recursos para eles; são ao mesmo tempo, totalmente incapazes de tomar decisões que levem o país rumo às melhorias tão desejadas pela população em geral.
Assistindo hoje à noite ao debate na sessão do senado que vota a CPMF, fico pasmo com tamanha falta de civilidade e desprendimento de alguns políticos com as causas nacionais. Sempre atentos a picuinhas e ódios menores e, apostando sempre no quanto pior melhor, alguns senadores, notadamente os da oposição, apresentam os argumentos mais estapafúrdios para não votarem a proposta de acordo enviada pelo executivo.
Mesmo tendo a proposta firmado que TODOS os valores arrecadados sejam efetivamente aplicados na saúde, como originariamente era previsto, e o imposto tenha apenas validade de um ano; tempo no qual, seria apresentada pelo governo ou pela oposição a tão falada Reforma Tributária. Ora, sabemos que a saúde pública em nosso país está mergulhada no caos. Grande parte desse caos deve-se AOS MESMOS senadores que hoje batem no peito contra a CPMF e, num passado recente, votaram pelo imposto e aprovaram seu desvio de destinação ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Mesmo tento a proposta limitada há apenas mais um ano, sequer cogitam em analisá-la. Fazem uma pressão insana, simplesmente para votarem imediatamente porque acham que derrotarão o governo. Na realidade, derrotam a todos nós. Derrotam uma nação em nome de sentimentos mesquinhos e de provocações infantis. Derrotam um país inteiro, apenas pelo prazer de dizer: “Vencemos”. E a estabilidade do país? E a saúde? E a possibilidade apresentada pelo governo de, finalmente, reduzir impostos através da Reforma Tributária? Que se danem! É mais interessante ter essa vitória vazia.
São verdadeiras piadas humanas. Assemelham-se a primatas, com seus salamaleques, rapapés e roupas caras; apresentam-se como seres sublimes e detentores das grandes verdades da nação. Quando, na realidade, são apenas aproveitadores e espertalhões que pensam apenas em seu lucro pessoal e em conseguir benesses que engordem suas contas bancárias. Como uma manada sem coesão, destroçam a fonte de seu alimento, como se com ela não se importassem. Não há espírito público, não há espírito cívico, não há honra. Há apenas ganância.
Dos que lá estão, um quinto votou a favor do imposto. Dos que se reelegeram, quase todos votaram a favor. Agora, apenas por uma posição de interesse momentâneo querem posar de bons moços e se arvoram em falsas palavras para confundir e aparecer bem na TV Senado.
Quem acompanha o debate, percebe claramente que não há interesse algum em analisarem-se as propostas. Os debates são vazios e limitam-se a um constante esfregar de egos. Massageando-se uns aos outros numa eterna masturbação coletiva. Alisam-se, abraçam-se, aplaudem-se e, ao fundo, escuta-se de tudo; menos algo que gire em torno do que está sendo debatido.
A verdade é: Ganhe o governo ou não, quem já perdeu somos nós.
PS: A CPMF foi recusada.