ESN: 16675-080201-838850-87

Aqui em nosso país, a segurança pública sempre foi tratada como “política de segurança pública”. Nada de errado nessa definição. Mas, o que se faz dela por aqui; é um verdadeiro atentado ao cidadão que vive sua vida dentro da lei.
Quando a política de segurança se transforma em “política na segurança”; o que vemos são fatos como os ocorridos em São Paulo ontem (16/10). O mais grave, é que todas as notícias sobre o caso (excetuando as veiculadas pela TV Bandeirantes) omitiram um fator dramático e, ao mesmo tempo, elucidativo sobre os fatos lamentáveis que ocorreram na capital paulista: Toda a confusão iniciou-se após elementos da Força Sindical que eram alheios ao movimento (inclusive o deputado Paulinho Pereira da Silva – o “Paulinho da Força”) incitarem o ataque à tropa de choque. A manifestação era ordeira e pacífica. Quando ficou sabendo que o governador receberia um grupo de policiais, Paulinho da Força e outros elementos da Força Sindical subiram no carro de som e, gritando palavras de ordem incitaram os policiais a avançarem contra a tropa de choque.
O episódio apenas demonstra o que a política pode fazer quando mal aplicada e o quão perverso pode ser um político que visa apenas obter um destaque pessoal momentâneo. Sabendo que nada o atingirá, já que tem imunidade parlamentar, o deputado comete um crime grotesco incitando a violência sem qualquer responsabilidade cívica. O mais triste disso; é perceber que os noticiários simplesmente omitem sua participação ativa no conflito.
Um outro acontecimento inacreditável coroou de “êxito” a quinta-feira da segurança pública brasileira: O seqüestro em São Paulo. Esta ocorrência já caminha para o quarto dia e a inacreditável entrega de um novo refém para o seqüestrador feita, pelas próprias mãos da polícia paulista, dá o tom de incompetência a ação que tem tudo para se transformar num desastre. Em lugar nenhum do planeta um negociador pode devolver ou fornecer um refém a um seqüestrador. Problema de treinamento? Burrice crônica?
Não, nada disso. Exatamente como o desfecho do caso do ônibus 174 aqui no Rio de Janeiro; mais uma vez, a ingerência danosa de políticos que temem a repercussão da ação correta a se tomar nesses casos: A eliminação do seqüestrador.
É muito lindo e maravilhoso quando tudo dá certo e todos se salvam. No entanto, no mundo real às vezes é necessário ceifar vidas. Ninguém quer que a polícia “saia matando”. Contudo, um estudo detalhado das ações do criminoso “in loco” e do perfil psicológico do mesmo, levantado através de entrevistas com parentes e amigos, pode ser decisivo para determinar qual o melhor “roteiro” a ser adotado em cada ocasião. Mas a polícia de São Paulo tem esse costume ridículo de tentar sempre “ganhar pelo cansaço” esses casos. E nem sempre essa é a melhor opção. O retrospecto não é positivo em casos de crime passional. Em vários casos em São Paulo, o seqüestrador eliminou a vítima; justamente por se sentir cansado e perceber que já não havia saída para a situação.
Exatamente como no caso do 174, quando o criminoso deu inúmeras oportunidades para um atirador de elite partir-lhe a cara, com total segurança, e nada foi feito. Proporcionou-se, então, aquele final infeliz para o caso. Esse caso de São Paulo se encaminha para a mesma definição. Tomara que eu esteja enganado. Queiram os céus que ao ler esse artigo, tudo já tenha se resolvido pelo bem e estas linhas assumam apenas o papel de pensamentos revoltados. Mas um seqüestrador que atira contra a multidão; descumpre a “palavra” e engana os policiais três vezes; está preparado com farta munição e gostou da “fama” (dando até entrevistas na televisão); deseja ser lembrado. E, nada melhor do que morrer e matar como um “mártir do amor”. A prioridade, nesses casos, deve ser sempre a vida dos reféns. E, esse rapaz, já forneceu inúmeras oportunidades para ser alvejado; encerrando-se assim, esse martírio.
Mas falta para as autoridades brasileiras o compromisso com o cidadão de bem. Falta em nossos políticos, o abandono dessa estúpida necessidade de agradar os organismos internacionais que adoram apontar “violências” em nosso país; mas fecham os olhos para barbaridades muito piores cometidas em suas próprias pátrias.

A criação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente); que transformou os menores brasileiros em uma tropa de elite para o tráfico e numa horda de bestas assassinas incontroláveis; a mentalidade de que bandidos cruéis e contumazes (com 40, 50 ou mais mortes “nas costas”) são “indivíduos recuperáveis”; e a hipocrisia reinante em nossa justiça, determinaram um salto fantástico em nossa criminalidade de alguns a nos para cá e uma vida miserável para os policiais e para os cidadãos de bem que devem penar nas mãos de facínoras.
Em qualquer lugar do mundo, esse seqüestro já teria terminado (após um ou dois dias de negociação ou nos primeiros disparos feitos pelo criminoso) e todos estariam seguros em suas casas. A postura equivocada dos políticos, o uso errado e politicamente influenciado de nossas forças de segurança; fazem apenas a criminalidade aumentar e os bandidos sentirem-se cada vez mais donos da situação e senhores de nossas cidades.
A polícia deve ser respeitada, amada pelo cidadão de bem e temida por quem está à margem da lei. Suas ações devem ser pautadas apenas pela técnica e pelo preparo esmerado de seus integrantes. A política deve ser banida da segurança e os maus políticos devem ser afastados do convívio da sociedade ordeira. O que foi feito ontem (16/10) em São Paulo por esses elementos da Força Sindical é algo além de qualquer compreensão e racionalidade.
Pense nisso.
absurdo, força, paulista, paulo, polícia, política, políticagem, políticos, pública, são, segurança, sindical
a
POLÍTICA, POLÍCIA, INCOMPETÊNCIA E AS COISAS QUE NÃO SE MISTURAM.
No related posts.