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Ser policial no Brasil é conviver com as mais variadas formas de incompetência. Com políticos que querem apenas aparecer “na foto” e não ligam para o povo. Com colegas que se valem da ausência de recursos e o desinteresse geral para transformar a carteira de policial em uma arma poderosa para enriquecer ilicitamente. E um monte de outras coisas que só são possíveis num país atrasado e que não dispõe de homens com uma visão de conjunto e de Estado nas posições chaves da nação.
Quando o governador do Rio assumiu, ele garantiu que teríamos uma polícia bem paga e bem preparada nas ruas. Assim, o verdadeiro banditismo que tomou conta da classe seria expurgado e a polícia carioca voltaria a ser um instrumento da lei e da ordem e um orgulho para o cidadão.
No entanto, suas medias administrativas foram sempre no sentido contrário ao que disse. Para aumentar o efetivo policial, ao invés de acabar com o estúpido e irreal esquema de trabalho de 24/72 horas que faz da polícia (PM ou Civil) o verdadeiro “bico”. E as atividades paralelas do policial o seu verdadeiro trabalho. Quando, na realidade, a simples mudança para um esquema de oito horas de trabalho diárias dobraria de imediato o efetivo nas ruas sem se gastar um único centavo a mais.
No entanto, essa era uma medida impopular entre os policiais e como bom filho de sambista, nosso governador preferiu “ficar bem na foto” e não bater de frente com o pessoal do “bico”. Ao invés de aumentar os salários dos policiais e exigir mais qualidade, ele simplesmente alega “dificuldades orçamentárias”. Que é a eterna desculpa dos incompetentes.
Com a crescente insatisfação da população com falta de efetivo policial nas ruas, nosso governador ordena (através de seus secretários) que “coisas sem importância” como os cursos de tiro e de qualificação para os policiais sejam suspensos; para que os instrutores venham para as ruas “fazer número”.
Assim, um cidadão normal que há seis meses atrás era um balconista, um pedreiro, um atendente de farmácia ou de padaria, um bancário ou um mero estudante; enverga orgulhosamente hoje, uma farda da PM carioca e tem uma licença para matar em suas mãos.
Isso mesmo, apenas com seis meses de curso, um cidadão normal é transformado num elemento responsável pela segurança de milhares de pessoas e que deve tomar decisões de vida ou de morte numa fração de segundos. O que em outros países pode levar anos; o “milagre brasileiro” reduziu a parcos seis meses.
Enquanto absurdos e mortes desnecessárias se sucedem, somos obrigados a assistir nosso simpático governador indignar-se ao saber da morte de tantos jovens cidadãos de bem pela ação desastrada de policiais boçais. Ele diz: “São uns despreparados!”
Contudo, a pergunta a ser feita realmente é:
Quem não os preparou; governador?
E você, o que acha disso?
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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POLÍCIA, SEGURANÇA, GOVERNO E O DESPREPARO.
