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O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, disse que os médicos ausentes nos plantões são safados e vagabundos. Em represália, O Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed); vai processar o governador por falta de urbanidade. (jornal O Globo On-Line)
Tudo muito bom. Tudo muito bem. Mas, se analisarmos realmente o problema veremos que ambos os dirigentes tem razão e ambos estão errados. O que aparentemente pode parecer uma opinião “em cima do muro”; fica muito longe disso quando analisamos o histórico deprimente da saúde pública brasileira e, em especial, da carioca.
O governador está certo porque os médicos que faltam a plantões sem avisarem; colocam vidas em risco. Imagine a chegada de um paciente em estado grave que, podendo ser salvo por um pronto atendimento, morre a mingua pela falta de médicos. É uma situação dramática e que certamente depõe contra a classe médica. As alegações dos presidentes do Cremerj e do SinMed de que os salários são baixos e, por isso, os médicos abandonam os plantões explica. Mas não justifica a ausência dos médicos.
Quando um indivíduo assume uma função que remunera com baixos salários, ele já sabe que receberá um valor “X” para exercer a função “Y”. Absolutamente ninguém colocou uma arma em sua cabeça e o obrigou a aceitar o emprego. Logo, faltar aos plantões simplesmente por estar descontente com a baixa remuneração e pelo fato de não “dar a mínima” para a função; faz do profissional médico exatamente isso que o governador falou: um vagabundo e um safado. Da mesma forma que um policial ao alegar os baixos salários como desculpa para ter se corrompido. Por que não abandonou a função? Por que aceitou ser remunerado com tão pouco? Por que, os que amam suas profissões, não se abatem com os baixos salários e nem se corrompem?
É natural que haja um desestímulo. No entanto, o homem de caráter desistiria do posto sem prejudicar o próximo. Jamais poria a vida de pessoas inocentes em perigo apenas por um capricho estúpido.
Por outro lado, os diretores do Cremerj e do SinMed estão certos em processarem o governador não pela defesa dos faltosos. Mas para que Sergio Cabral pare de fazer o jogo político populista que vem fazendo. Adotando o tipo “falastrão”; profere sentenças bombásticas enquanto o estado perece diante da ineficiência e de sua incapacidade de resolver problemas diários e históricos provocados pelas más administrações anteriores.
A PM anda praticamente com as roupas e equipamentos em frangalhos. A polícia Civil, muitas vezes, deve bancar munição; equipamentos e cursos do próprio bolso para poder fazer frente a seus deveres diários. As escolas estaduais são de péssimo nível. Apesar de muita “pirotecnia enfeitativa” desde que assumiu o governo estadual, Sergio Cabral ainda tem crianças nas escolas sem professores e estudando em prédios caindo aos pedaços. Os hospitais, apesar da nomeação de um excelente secretário; simplesmente não conseguem sair do atoleiro em que se encontram. Faltam verbas e empenho das diretorias e dos funcionários. ESSA É A GRANDE VERDADE QUE NINGUÉM QUER OUVIR.
É claro que nesse enorme atoleiro fétido existem almas abnegadas que fazem do serviço público um sacerdócio e uma profissão de vida. Mas a grande maioria quer apenas uma oportunidade de “se dar bem” ou de “arrumar uma boquinha” para esperar a vida passar e chegar até a aposentadoria com estabilidade.
O principal erro de Sergio Cabral é não ser capaz de empolgar seus seguidores. Além disso, se prende muito a ser “o bom moço” da política e tenta agradar a gregos e troianos. O resultado de uma política assim, invariavelmente, é a paralisia e a inércia ineficaz. Exatamente o que está ocorrendo hoje. Sua relutância em acabar com o expediente esdrúxulo e errado dos policias de 24/72 horas que faz, da polícia o verdadeiro “bico”; é o maior exemplo disso. Preso ao medo de desagradar os comandados que ganham muitas vezes mais com os “bicos”; mantém um sistema falido operando por pura falta de coragem e ousadia.
E seu “jogo político” de indignação e inação segue por quase todas as áreas do governo estadual. Os problemas de falta de médicos; falta de professores; hospitais sucateados e escolas péssimas; são contínuos e conhecidos por todos. Mas, Sergio Cabral finge se espantar e se indignar proferindo impropérios para os repórteres; tendo como alvo os funcionários públicos e os contratados como se deles fosse a exclusividade da culpa.
O intuito disso; sabemos muito bem, é mostrar-se atuante e indignado para o populacho menos preparado e informado que vê esse show armado e pensa: “Ele é como nós!”
Pense nisso.
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