ESN: 16675-080201-838850-87
A decisão de Obama de suspender as limitações para remessas de dinheiro e a proibição de que empresas americanas de telecomunicações atuassem comercialmente em Cuba; representará um duro golpe para o regime revolucionário castrista. Mesmo tendo seu impacto minimizado por Fidel, essas medidas darão acesso quase irrestrito (e de difícil controle) aos cubamos para as redes de telecomunicações americanas.
A “visão de um mundo diferente”, que sempre foi vedada pelo regime; chegará aos lares com muito mais força e mais freqüência do que antes. A luta de Fidel e de seu irmão para manter as coisas como estão será agora muito mais difícil. Manter o acesso à informação restrito é a base de qualquer regime totalitário. Com a disseminação de novas práticas e conceitos através das redes de telecomunicação americanas e da enorme injeção de capital que as remessas dos imigrantes cubanos proporcionará, certamente haverá uma melhoria nas condições de vida do povo e isso diminuirá o peso da ação do Estado cubano em seu trabalho de policiamento ideológico.
Resta saber se Fidel e Raul resistirão a tentação de impedir que isso ocorra ou mesmo se serão capazes de manterem-se inertes quando as mudanças realmente começarem a influenciar o pensamento da população. O recente episódio do discurso da blogueira Yoani Sánchez durante uma apresentação artística na X Bienal de Havana em que ela, aproveitando-se de um vacilo do regime que permitiu uma performance comemorativa do célebre discurso de Fidel no dia da Revolução e que disponibilizava um púlpito com microfone aberto onde qualquer um podia falar por um minuto, a blogueira aproveitou o “mole” que os organizadores deram e soltou o verbo contra a censura de informações e a opressão das liberdades individuais. Entre outras “barbaridades” a mocinha corajosa vociferou: “… já é hora de pular o muro do controle”.
Nem é preciso dizer que foi o fim da festa. A performance foi interrompida e o microfone calado. Ainda por cima, o ato expôs a cara-de-pau das autoridades cubanas quando se apressaram em criticar a moça pelo feito. Taxando o ato de “vergonhoso oportunismo”. Resta saber se coisas como estas resistirão a uma abertura forçada. Já que manifestações de insatisfeitos com a dureza do regime acabarão sendo cada vez mais freqüentes. Pois, o claro exemplo que vem da China, mostra como a pior ditadura tem as maiores dificuldades (eu diria impossibilidade) de refrear o poder da informação e das ideias nos dias de hoje.
Ao regime cubano restará apenas endurecer ainda mais e mostrar ao mundo a sua verdadeira face anacrônica e ditatorial ou simplesmente adaptar-se e acabar cedendo a penetração de liberdades que hoje são simplesmente impensáveis na ilha caribenha.
A Fidel sobrará a tristeza de perceber que, no seu ocaso de vida, o sonho de um país fechado em si e que cultua o seu próprio umbigo como a face divina de Deus; ruirá minado pelo desejo intrínseco que todo ser humano tem de viver melhor, de construir um futuro livre, de pensar por si mesmo (com todo os riscos e perigos) e sem viver com a interferência absurda do Estado em cada passo que ele dá.
Afinal de contas, se um regime tem de patrulhar constantemente a ideologia de seus cidadãos; isso já é prova de fraqueza suficiente para indicá-lo como forte candidato à queda e ao desaparecimento.
Mas, tem gente que gosta.
Pense nisso.
No Tags
Esse artigo é parte integrante do Blog Visão Panorâmica e é vedada a sua reprodução sem a autorização do autor.
OBAMA, CUBA E A LIBERDADE INDIRETA.
No related posts.