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O carioca é tido como bem humorado e irreverente. E, como representante da “raça”, posso afirmar que em sua maioria é mesmo. Uma prova disso foi a excelente ideia de uma equipe do Jornal EXTRA ao aproveitar a bem sacada brincadeira feita por um grupo de moradores da cidade que protestava contra “buracos milenares” em sua rua.
Esses moradores construíram um boneco e o colocaram confortavelmente sentado a beira da cratera com uma vara de pescar em mãos. Diante da presença da equipe do jornal e de uma seção de fotos (seguida da devida matéria publicada) uma turma da prefeitura carioca deu o exemplo de como o serviço é mal prestado e acorreu para tapar os buracos diante da repercussão causada pelo ridículo e inusitado boneco chamado “João Buracão”.
Com o sucesso, o João Buracão foi “contratado” pelo jornal e “com tudo em cima”; passou a acompanhar a equipe de jornalistas posando para fotos hilárias diante das mais diversas crateras espalhadas pela cidade e pela Região Metropolitana.
No entanto, a carreira de João Buracão quase foi interrompida quando o boneco/celebridade sofreu um “atentado terrorista” na cidade de São Gonçalo. Ao fazerem uma matéria sobre buracos na rua da prefeita; o irmão desta (que é Secretário de Saúde da cidade) descarregou seu ódio e suas frustrações no pobre João Buracão e o seqüestrou; prendendo-o em sua residência.
Diante dos repórteres atônitos com o inusitado da cena, logo em seguida dois capangas servidores se apresentaram no mais belo estilo “Tenório Cavalcanti”: Uma gravata bem aplicada, uma máquina fotográfica roubada e destruída e alguns safanões depois; os intrépidos jornalistas registraram o caso na delegacia mais próxima.
Nosso herói, João Buracão (é claro), foi devolvido pelos jagunços e pelo irmão irado da prefeita; acompanhado de mesuras e pedidos de desculpas, após a desastrosa ação.
O que podemos retirar desse acontecimento insólito e aparentemente regado a muita imbecilidade e atraso?
Muito simples amigo leitor; nossos políticos estão acostumados a terem seus egos massageados pela imprensa e a contarem com a indiferença bovina do eleitorado. Ao serem abordados com o que acham “ofensivo”, mas que apenas consiste em mostrar o óbvio ridículo de suas próprias ineficiências e do descaso com que tratam a população que deveriam servir; fazem da violência a expressão maior de seu próprio despreparo.
O fato da prefeita de São Gonçalo, Aparecida Panisset, ter sido reeleita em primeiro turno é um desses atos incompreensíveis do eleitorado brasileiro. Uma vez que a cidade que ela “administrava” viveu um caos terrível durante seu primeiro mandato. Com seu lema “do Tijolinho” (em referência fornecimento de tijolos durante a sua campanha eleitoral); a prefeita conquista o eleitor que prefere construir um barraco e morrer nas filas dos postos de saúde fechados e dos hospitais desaparelhados e lotados.
Quanto ao João Buracão; ele continua por aí, meio machucado e cheio de remendos. Mas sempre com muito bom humor.
E você leitor; o que acha disso?
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O JOÃO, O BURACÃO, O TIJOLINHO E O ELEITORADO.
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