O bairro é um lugar no meio da cidade. A cidade é o conjunto de ilhas vicinais. As ilhas são as pessoas. O bairro é um bairro de passagem como a vida que vai pra lá e pra cá.
O bairro, em meio à profusão de sons de motores, maritacas estridentes, conversas dispersas, gente arrotando importância, gente na fila da escória, piados solitários de pássaros deslocados, gritos de crianças festivas em idade verde…
O bairro e seu pulsar.
O bairro se chama Vila Yara e a cidade Osasco. Poderia perfeitamente ter outros nomes, o bairro, a cidade. Perfumaria, perfumarias. Pode ser. As ilhas atendem pela alcunha de Maria, José, Joaquim, Benedito, eu, você, nós, todo mundo, ninguém.
Ilhas eternamente estanques. Ilhas. Bem perto, istmos a unir quilômetros de indiferenças. E é chão que não acaba mais. Enquanto isso, meninos empinam despertencimentos, homens compartilham tagarelices; outros, palmilham pausas e silêncios.
Até uma vendedora de mexerica fia mexericos. Enfim, o bairro é o conjunto das pessoas e o conjunto das pessoas é o bairro. Esse lugar entranhado nas artérias de uma cidade, a qual – aos trancos e barrancos – tenta reaprender exercícios de amizade.
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*já publiquei este texto em outra ocasião.
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