Quando a gente se sente pequena no mundo ou quando tudo se estreita, é nisso que pensava. Nem de perto se assemelhava ao cara que um dia fora. Nem de perto, aquela alegria. Coisa de louco. Ideia fixa. Aquela pessoa, difícil resgate. A pessoa na qual se tornara; um desafio a encarar ou a tripudiar. Não aceitava. De jeito nenhum. Queria o menino mirrado de outrora, o irresponsável de uma vida toda e não o bode velho sem pasto, incrustado e inquirido por enfadonhos fantasmas. Perdera-se dos amigos, dos pares, dos sonhos. Não sabia onde encontrar os iguais. Os iguais. Estava à deriva em sua nau desgovernada. Via tudo mudado. Tudo às avessas. Cadê a cambada? Apequenou-se. Não compreendia como as coisas chegaram a tal ponto. Talvez não estivesse sozinho, talvez não fosse o único. Deus. Para o bem ou para o mal é sempre mais reconfortante saber que nunca se está só nas desventuras. É como se alguém lhe exigisse companheirismo na comilança, na bebedeira, na vida a errar. Companheirismo? Pequena. Esse termo… Sei lá… Cadê a esperança? Infortúnio maior é perdê-la. Despertou. Um cachorro latia enquanto lhe abanava o cotoco; sentiu longe o apanágio da existência. Lançou-se ao mar novamente.
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