MURALHAS, GARUPAS E A IMBECILIDADE.

Proibição da garupa no Rio


Certas coisas nunca mudam. Políticos são políticos em qualquer parte do mundo. A principal diferença dos políticos brasileiros para os outros, é que os nossos são muito mais criativos do que os outros.

A catástrofe da segurança pública em nossas cidades dá o tom da criatividade incontestável que eles possuem, quando se trata de “jogar pra galera” e “falar sem dizer nada”, para uma população que vive confinada e em desespero. Enquanto marginais gozam do direto inalienável de ir e vir; que para eles, é totalmente assegurado.

“Soluções” mirabolantes e recheadas de pirotecnia infrutífera, pululam nas mentes de nossos governantes e seus assessores. Quando, na realidade, soluções simples e de baixo custo dariam o verdadeiro ponta pé inicial na moralização da segurança pública.

Quer um exemplo clássico: Aqui no Rio de Janeiro em São Paulo e em alguns estados do norte e nordeste, os políticos descobriram que as causas da violência são os garupas nas motocicletas. Por isso mesmo, querem proibir que motociclistas levem passageiros. Quem sabe; após isso, farão uma pesquisa e descobrirão que “X%” dos criminosos usam óculos. Vamos, então, proibir que se usem óculos. Depois, quem sabe, será a vez dos “crentes” serem proibidos de andar nas ruas; já que a maioria se declara “cristão” nos presídios. E por que não os negros e pardos? Afinal, é público e notório que a maior parte da população dos presídios pertence a essas etnias. Assim, pelo raciocínio fantástico e objetivo de nossos governantes, negros e pardos, deveriam ser proibidos de sair às ruas.

CHEGA! De imbecilidade. CHEGA! De soluções ridículas e de cunho eleitoral. Os “garupas” estão assaltando? Botem a polícia para fiscalizar. Façam Blitzen. Coíbam a corrupção do guarda ou do policial que libera motos e carros irregulares em troca de uma “cervejinha”. Não podem aumentar o efetivo da polícia? Mudem a absurda escala de trabalho dos policiais de 24/72 e façam o expediente normal de oito horas diárias. Assim, mas que se dobrará o efetivo sem gastar um único centavo a mais. Se não ficarem satisfeitos? Que peçam baixa e faça-se concursos.

Soluções existem e podem ser facilmente implementadas. Contudo, essas soluções têm um custo político e, justamente aí, é que reside o problema. Pois cada um tem seus projetos e sonhos de grandeza: O prefeito quer ser senador; o governador quer ser presidente e o presidente quer ser qualquer coisa que lhe garanta visibilidade. Assim, ninguém quer aparecer “mal na fita” e tomar medidas impopulares que resolveriam os problemas; mas apresentam um custo político elevado.

Enquanto isso, eu e você ficamos confinados em nossas casas. A mercê dos predadores e dependendo única e exclusivamente de nossos próprios meios para nos defendermos. Quem acredita se apega a Deus; quem não quer deixar na mão de ninguém, se protege como pode. A única certeza é que faça o que fizer, você estará sempre em desvantagem. Principalmente quando quem é pago para protegê-lo é, na verdade, o principal inimigo.

Adaptações e proibições como estas, são na verdade a anuência do Estado para sua própria incompetência e incapacidade no combate ao crime. Nossas instituições estão tão infiltradas e dominadas pelos bandidos que a autoridade do Estado, nada mais é, que um mero conto de fadas. O cidadão fica sem ter a quem recorrer e as ditas “autoridades” debatem-se infrutiferamente no atoleiro profundo da inércia e da incompetência. Enquanto isso, muralhas, fortalezas e quartéis-generais do crime erguem-se ameaçadoramente sobre nós.

E você? Qual a sua opinião?

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