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Que o ensino no Brasil é ridículo, isso todos sabemos. Que a pantomima governamental, a cada instante, tenta convencer a nação de que a falsa verdade da melhoria do ensino é uma realidade; através de propagandas na televisão, no rádio e nos jornais; muito bem boladas e cheias de dados estatísticos maravilhosos, é fato publico e notório.
Ainda mais quando os dados do índice mostrado levam em consideração as aprovações de alunos. Pois, muitas cidades adotam descaradamente sistemas de aprovação automática e, as que não o fazem, instruem seu corpo docente para aprovar “a toque de caixa” as crianças de modo a garantir mais verbas federais.
A tal melhoria pode ser facilmente desmascarada quando estudantes brasileiros vão disputar concursos e olimpíadas no exterior. Nas últimas; nenhum brasileiro trouxe sequer uma única e minguada medalha. Nossas crianças são treinadas na fantástica arte da “decoreba” e totalmente avessas ao “enorme” esforço que consiste o mais simples e rudimentar raciocínio.
Se estudam em escolas públicas então; estarão condenadas ao ostracismo intelectual e a perda de todas as chances de obter um futuro profissional que não esteja ligado ao subemprego ou ao emprego de alta rotatividade e baixa qualificação.
Mas, como bom cidadão; tenho em mente que o governo promoverá uma grande reforma na educação no ano que vem. Tudo vai mudar e ficar muito mais maravilhoso ainda. Especialmente quando descubro, lendo os jornais, que a reforma ortográfica começará a valer já em 2009. Contudo, o material didático com a nova forma de escrever só estará nas escolas em 2012. Ou seja, durante três anos (quase a metade do primeiro grau) as crianças aprenderão a ler as palavras de uma forma e a escrevê-las de outra. Lerão no “modo antigo” e escreverão nas novas regras. Não precisa saber muito de educação e muito menos ser um pedagogo famoso e com Phd’s para saber que isso será um verdadeiro desastre para a qualidade do ensino dessas crianças.
Mas fico contente e muito mais tranqüilo, ao saber que os professores também não receberão qualquer curso de reciclagem ou, muito menos, apoio para buscar esses cursos em outros lugares. Segundo a “autoridade” do MEC no assunto: “ – Não é preciso curso. A mudança não é tão grande. Apenas 0,5% das palavras serão modificadas.” – argumenta o professor Godofredo de Oliveira, da Comissão de Língua Portuguesa do MEC. O incrível é que ainda hoje, muitos professores erram palavras banais e corriqueiras.
Outro gênio que estabelece as diretrizes para a educação de nossas crianças, a presidente do Conselho Nacional de Educação solta suas pérolas ao ser perguntada se a volta do ensino de moral e cívica nas escolas não seria uma boa idéia para proporcionar uma formação ética básica e ensinar valores como o amor a coisa pública e ao seu país. Ela declara: “– Moral e Cívica é matéria que tem origem na ditadura. Já teve o tempo dela. Falar disso é retrocesso. É buscar uma escola que não se pretende mais. Já passamos dessa época.”
Realmente, ensinar ética, valores cívicos e coisas como o funcionamento dos órgãos e poderes da nação é algo totalmente despropositado e anacrônico. É algo que só passa pelas mentes dos velhos generais que ainda babam em seus pijamas. Da mesma forma que ter estudantes que sequer conhecem os heróis mais comuns da pátria e sequer sabem o que pode ou não fazer um vereador é um avanço enorme para a educação dos jovens brasileiros. Já passamos da época é de ter idiotas com um pensamento tão revanchista e despropositado como essa senhora. Já passamos da época de formar cidadãos que não sabem os deveres de um político e seus direitos. Já passamos da hora de ter alienados vagando nas ruas e de ouvir respostas absurdas a perguntas simples como “quem foi Tiradentes?” – ou simplesmente ver pessoas com os olhos brilhando ao ouvir um candidato a vereador dizer que vai congelar preços e investir nas polícias. Já passamos da hora é de ter pessoas sem visão à frente de cargos importantes. Isso sim.
Outro detalhe é a introdução da música como matéria curricular. Uma maravilha realmente. Se vivêssemos na Suíça, nos EUA ou em outro país que levasse a educação a sério. Para me fazer entender, cito um exemplo prático de um amigo que tem a filha no terceiro ano do segundo grau numa escola pública do RJ. Estamos em setembro e ela até hoje não teve uma única aula sequer de física. Desde o primeiro ano do secundário, JAMAIS teve aulas de química. Para crianças como esta, as aulas de música terão um efeito muito benéfico realmente. Poderão aprender a tocar instrumentos e esmolar nas praças e estações do metrô como fazem em países europeus e nos EUA.
Chegou a hora do país acordar e entender que o discurso bonito não leva a nada. O povo deve compreender que a culpa das mazelas que sofre é única e exclusiva dele mesmo. De sua alienação, de sua falta de participação política; de seu descaso com as barbaridades que são cometidas impunemente por políticos e outras autoridades.
Estamos formando uma legião de descerebrados e de incapazes que estarão totalmente impedidos de participar do país forte e desenvolvido que o Brasil pode ser. Sem mentes e sem pessoas capacitadas para operar os instrumentos de avanço; viveremos sempre na sombra da pobreza e da miséria. Num ciclo mortal de violência, descaso e desprezo eternos.
Pense nisso.
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