MEDALHAS, MEDALHISTAS E A FALTA DO QUE FAZER.

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Socorro ao Rio de Janeiro e ao Cristo Redentor

Qual o objetivo de uma medalha? Dão-se medalhas aos soldados que sacrificaram suas vidas ou foram feridos em combates. Dão-se medalhas a profissionais que foram além do simples cumprimento de suas obrigações e praticaram atos que beneficiaram muitas pessoas. Dão-se medalhas aos policiais e bombeiros e soldados que, acima de tudo, exacerbaram seu mero dever e demonstraram com seus atos, heroísmo e desprendimento.

Infelizmente, as republiquetas e as ditaduras simplesmente desmoralizam a instituição da medalha. Distribuindo-as em profusão e por qualquer motivo, tornaram sua existência e concessão quase uma piada. Era fácil ver aqueles generais soviéticos, africanos e latino-americanos com o peito recheado de medalhas e que sequer tinham mais espaço nas fardas para ostentá-las. Tudo isso, sem nunca sequer terem passado perto de um campo de batalha e, muitas vezes, sequer terem levantado de suas cadeiras confortáveis.

Aqui no Brasil, a concessão de medalhas também está beirando o ridículo. Qualquer escroque ou qualquer pessoa comum e sem qualquer brilho especial pode receber uma medalha. Bastando que, para isso, conheça ou sirva a algum interesse de um político qualquer. A própria Primeira Dama; recebeu a medalha Santos Dumont de “mérito aeronáutico” recentemente. Mas a dúvida permanece: Qual a importante contribuição que ela deu a aeronáutica brasileira? Talvez tenha escolhido a cor do tapete do “Aerolula”.

Aqui no Rio de Janeiro, a Câmara de Vereadores transformou a concessão de medalhas em um verdadeiro “samba do crioulo doido”. Contraventores contumazes já receberam as maiores condecorações da casa. Há casos de pessoas que, ao serem contempladas com a “honraria”, simplesmente a devolveram por achá-la indevida e desmoralizante; já que até bandidos a receberam. Distribuem-se medalhas até para pessoas que nunca fizeram nada pela cidade. Mas por estarem em evidência na mídia ou “darem IBOPE”, são agraciadas para impulsionarem a votação de determinados vereadores.

E o pior; estamos no dia vinte e um de maio; passaram-se pouco menos de cento e cinqüenta dias do início do ano e, sem considerarmos que a Câmara de Vereadores funciona apenas três dias por semana e não começou a atuar em janeiro, já foram concedidas mais de 185 dessas medalhas e comendas. Mais do que uma por dia. Segundo alguns vereadores, fica até difícil reservar o salão nobre, onde são feitas as cerimônias de entrega.

Mesmo assim, não satisfeitos, alguns vereadores querem ainda criar mais sete novas condecorações municipais. Tudo isso para agraciarem esportistas, artistas e policiais que se destaquem. Ou seja: Querem aparecer mais ainda.

A mediocridade das concessões é tão grande, que sequer sabemos quem ganha as tais medalhas. As condecorações que eram para ser algo especial e concedido apenas em reconhecimento a atos importantes e excepcionais; hoje são mais comuns que papel higiênico. E a imprensa nem se interessa em citar os agraciados. Um dos homenageados deste ano, o senador Gim Argello responde a dezenas de processos e era suplente do senador Joaquim Roriz (aquele do caso das vagas milionárias). Pois é, esses são os grandes homenageados por nossos vereadores.

Certamente, se dermos um passeio pela nossa cidade, veremos as ruas limpas, os postos de saúde e hospitais municipais em plena operação; o prefeito cumprindo com seus deveres; o trânsito e os bens públicos sendo protegidos e cuidados com esmero e zelo.

Como não temos problemas em nossa cidade, é justo que nossos vereadores usem todo esse tempo livre apenas para homenagear e distribuírem medalhas, comendas e salamaleques para quem quiserem. Contudo, resta uma pergunta: Por onde eles andavam na ocasião da epidemia de dengue?

A você cidadão da cidade do Rio de Janeiro e eleitor; cabe lembrar-se disso e responder devidamente a esta pergunta nas eleições municipais de outubro próximo.

Pense nisso.

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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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MEDALHAS, MEDALHISTAS E A FALTA DO QUE FAZER.

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