ESN: 16675-080201-838850-87
Assistindo a uma reportagem ontem (17/02) no Fantástico, vi claramente como se processam as negociatas e as mamatas no serviço público e como elas são facilmente detectáveis.
Ao investigarem as licitações fraudadas do Metrô de São Paulo, os repórteres simplesmente entraram em contado com a empresa fraudadora e compraram o mesmo material envolvido na licitação, só que como pessoas físicas. Como era de se esperar, o valor unitário de cada produto, vendido no varejo, ficou enormemente abaixo dos preços cobrados por uma grande quantidade do mesmo produto numa compra de atacado. O que, é claro, contraria qualquer lei de economia e mercado.
Graças ao vazamento de informações privilegiadas e ao direcionamento da licitação, uma determinada empresa consegue vender mercadorias muito mais caras do que o real valor de mercado. E o que mais assusta, é a total e clara certeza da impunidade. O principal suspeito de vazar as informações, diz claramente e de forma categórica, que aceita “presentes” da empresa que participa das concorrências que aprova, mas que usufrui desses presentes como “pessoa física”; nada interferindo com a aprovação ou não das compras.
Por instantes, enquanto ele falava, tive a impressão de que o Coelhinho da Páscoa surgiria por trás dele e distribuiria ovos de chocolate para todos. Logo em seguida, um duende passaria recolhendo as cartinhas para Papai Noel.
Essa gente é tão descarada, que nem se importa mais em esconder as safadezas que pratica. Incentivados pela pífia atuação da justiça brasileira nesses casos; e por leis criadas com o claro intuito de impedir que escroques desse nível paguem por seus crimes, eles continuam roubando e servindo-se à vontade do dinheiro suado que o brasileiro é obrigado a pagar; em forma de impostos.
E o pior, nada é descoberto. Nada é apurado. A não ser que um grande meio de comunicação faça uma reportagem alertando para o caso. O mais dramático, é ver como é simples e fácil impedir que nosso dinheiro seja roubado. Pois os repórteres, sentados numa cadeira e com um telefone. Provaram, sem sombra de dúvidas, que os valores pagos pelo Metrô eram abusivos. Apenas comprando unidades dos produtos licitados, na mesma empresa.
Por que ninguém faz isso quando há uma licitação? Por que não se torna obrigatório à compra de um aparelho licitado no varejo, de forma a comparar-se o preço do atacado? Simples: Assim, 99,99% dos superfaturamentos seriam evitados. E as “caixinhas”, “agrados” e “acertos”, ficariam mais difíceis. A prova e a fiscalização são fáceis, e o exemplo maior foi esse. O que falta é a simples vontade de fazer. Faltam hombridade e seriedade aos homens públicos brasileiros. Falta educação e entendimento a população que os escolhe; falta vergonha na cara.
O triste disso tudo é ver que, mesmo alertada, a direção do Metrô diz que nada vai fazer. Que “é o menor preço” e “danem-se” as suspeitas. Apenas após ser informada de que haveria uma matéria especial sobre o assunto, a direção da empresa resolveu investigar o caso. Se o governador for um homem sério, e tenho minhas dúvidas disso, a primeira providência hoje (18/02) seria demitir toda a diretoria da empresa.
O que esse episódio deixa claro, é que maior que o buraco do metrô, só mesmo a disposição dos administradores de empresas públicas para cometerem safadezas e desvios de dinheiro.
Com a palavra você leitor.
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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