O MONTE OLIMPO: LAR DOS DEUSES GREGOS.
O que uma empresa precisa para funcionar?
A resposta é fácil: Bons equipamentos, pessoas qualificadas e experientes, uma boa quantidade de clientes, um lugar decente e confiável e muito; muito planejamento. Imagine agora, se no auge de uma crise de baixo faturamento, sua empresa decide mudar-se do prédio que ocupa com sucesso e total funcionalidade faz anos; para um terreno enorme numa área nobre e, ao mesmo tempo, você decide que as instalações serão faraônicas; com cada escritório medindo mais de trezentos metros quadrados.
Como não pode deixar de ser, o seu escritório será maior. Com mais de seiscentos metros quadrados de área livre. Você sua secretária e um pequeno grupo de assessores irão trabalhar ali, esforçando-se para usar todo o espaço. Claro que, tanto o prédio quanto sua sala, serão construídos e decorados com o que de mais caro e luxuoso pode existir no mercado.
Você gasta uma verdadeira fortuna na construção. Imprevistos acontecem: Um empregado mal intencionado desvia recursos; várias interrupções por falta de verbas se sucedem e; no final da obra, o custo total ficou algumas vezes superior ao orçado inicialmente. Mas tudo bem. As coisas não andam bem e o faturamento é baixíssimo. Você tem contas atrasadas e seus fornecedores cobram juros exorbitantes para rolar suas dívidas; caso contrário, cortarão o fornecimento e sua empresa ficará sem matéria prima.
A obra acaba. O prédio é lindo. Todos ficam maravilhados com a delicadeza e a perfeição do acabamento. Ao caminhar pelos corredores, você escuta envaidecido, os visitantes exclamarem seu espanto e sorri intimamente dizendo: “Valeu a pena”.
Mas, alguns dias depois do novo prédio inaugurado, alguém abre bem ao seu lado uma empresa que comercializa o mesmo produto ou serviço que você. Contudo, os custos dela são menores, o público sente-se mais próximo deles do que de sua gigantesca empresa. Logo, seu magnífico monumento fica às moscas. Seu prognóstico era de uma visitação de milhares diariamente; mas, você recebe apenas algumas dezenas de pessoas. Muito cedo, você percebe que construir o prédio novo foi um erro. O faturamento não compensa e os credores querem sua alma para receber os altíssimos juros que você foi obrigado a pactuar.
E agora?
Agora? Se você for uma empresa particular; estará falido. E todo aquele luxo absurdo que tanto desejou, irá para seus credores. Mas se você é um alto membro do judiciário federal; nada irá acontecer. Afinal, quem pagou por tudo não foi você mesmo. Há prejuízo? Que o populacho pague por isso. O que interessa é que você vive como um Deus. Num Olimpo luxuriante de mármore, granito e altas mordomias.
O por que desta história?
Simples: É que isso está acontecendo na vida real. Bem ali, em Brasília, está sendo construída a nova sede do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Numa área de 169 mil m², com valor estimado de R$ 480 milhões. Um projeto de Oscar Niemeyer dará aos desembargadores escritórios de 350 m² cada; sendo que o do presidente terá quase o dobro; 625 m², sendo que apenas cerca de 27 pessoas usarão o espaço.
Isso é o de menos. O pior, é que esse tribunal responde por processos de treze estados; e há um projeto tramitando na Câmara que obrigará a regionalização das causas e a abertura de sedes em todos os Estados da Federação. Ou seja, corre o risco da obra ficar pronta e não haver ninguém (a não ser os juízes) para ocupá-lo. Sendo necessária a construção de novas sedes estaduais. No final das contas, certamente surgirá um “Lalau da Vida”, desviará alguns cobres, ficará rico com a obra, receberá uma gorda aposentadoria ao ser pego em flagrante e afastado e nós, como sempre, receberemos a conta.
Mas; eles merecem. Afinal juízes se consideram Deuses. E, nada mais justo, que tenham o seu Olimpo.
Resta-nos a indefectível pergunta: Até quando?