JUÍZES, PROMOÇÕES E O MESMO DE SEMPRE.

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Imagine ter uma empresa com centenas ou milhares de funcionários. Há uma vaga para promoção e, dentre todos os seus empregados, você escolhe justamente um que está sendo processado por uma série de crimes? Só se você quiser ter a sua empresa roubada e ir a falência; não é mesmo?

Pois é. Mas, em nosso país, o poder responsável pela fiscalização do cumprimento das leis pouco está se lixando para isso. Juízes acusados de todos os tipos de crimes continuam recebendo salários, são aposentados com régios pagamentos mensais ou (pasmem) mantidos na ativa exercendo suas funções normalmente (mesmo sob suspeição) e, ainda por cima, promovidos.

A juíza Ângela Catão, da 11ª Vara Federal de Belo Horizonte, está sob suspeita ao ser investigada por sua participação numa quadrilha que era responsável por desvios no Fundo de Participação dos Municípios. Num rombo (ou roubo) que lesou a nação em mais de duzentos milhões de reais. (Leia Aqui)

A meritíssima investigada será alçada a egrégia categoria de desembargadora. Recebendo ainda mais e tendo direito a uma aposentadoria maior ainda. O mais inacreditável em tudo isso; é que apesar das normas do Poder Judiciário exigirem que a aprovação da promoção seja baseada na escolha de dois terços do colegiado da Corte Especial do TRF da 1ª Região, tradicionalmente o critério da antiguidade é o referendado para essas promoções. E a aprovação da juíza tenderá a ser automática e sem qualquer problema.


É inacreditável que magistrados se arvorem no corporativismo e em tradições obscuras e aceitem trabalhar lado a lado com alguém que é acusado de inúmeros crimes e de corromper a sagrada profissão de juiz a interesses escusos e nada lícitos. É claro que ninguém pode ser condenado sem sentença transitada. Contudo, dado ao caráter da profissão que abraçam, juízes não poderiam continuar exercendo suas atividades enquanto estivessem sob suspeita. Em tese; qualquer decisão que foi tomada por essa juíza (e por qualquer outro condenado por crimes) pode ser revista caso ela venha a ser condenada finalmente. Afinal de contas, quem pode garantir que as sentenças proferidas em todos os processos julgados por ela não tenham sido compradas?

Alçar uma figura tão mancada pela suspeição e acusada de crimes tão graves a um lugar na magistratura onde terá ainda mais poder decisório e mais capacidade de gerar prejuízos em processos que venha a julgar é algo surreal e totalmente absurdo.

Assim como o juiz Lalau, que goza de toda a fortuna que roubou impunemente, sob uma pseudo condenação desfrutada numa mansão paga pelo fruto de seus crimes; nosso país continua a oferecer o “mais do mesmo” a um povo cansado de ser aviltado e de ver os poderosos se fartarem com as entranhas da nação e saírem totalmente impunes de seus crimes.


Tal nível de desmandos e de coisas inacreditáveis; nos revertem a um certo verão há quarenta e cinco anos, quando os tanques tomaram as ruas e o clamor das botas e das armas calou as vozes de milhares de cidadãos.

Ao compararmos os acontecimentos vividos hoje, com aqueles anos pré-golpe militar; podemos perceber, com toda clareza, que todo o acontecido que acabou causando o golpe militar não é absolutamente nada frente ao que vemos atualmente. Resta-nos saber, se nossas forças armadas ainda estarão dispostas a mergulhar as mãos nessa sujeirada toda ou se apenas irão se contentar em observar impassíveis a verdadeira palhaçada em que nossa nação mergulhou. Contentando-se apenas em angariar aumentos de salários e regalias para o oficialato. O mais triste de tudo é perceber que grande parte da população já anseia por uma retomada do militarismo e está tão descrente e desesperançada com a democracia e com os abusos e absurdos que se sucedem; que sentem-se propensos até a aceitar um regime ditatorial.

Sinceramente? Isso é desesperador.

Pense nisso.

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JUÍZES, PROMOÇÕES E O MESMO DE SEMPRE.

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