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Lendo as revistas políticas nesse final de semana, me deparei com a seguinte notinha escondida “num canto de página” numa delas: ”Políticos se articulam para limitar o poder do Supremo Tribunal Federal”.
Pensei logo: “Ainda bem. Perceberam que Gilmar Mendes é um elemento pernicioso demais para a nação e que são inegáveis as estranhezas constantes em algumas de suas decisões à frente do STF. Mas, ao ler o conteúdo da notinha, a verdadeira causa do alvoroço e da determinação de “políticos ciosos do extremo poder” e da força que um tribunal como o STF pode ter, apareceu logo nas primeira linhas.
O motivo de todo o alarde e de toda preocupação com o poder que uma corte suprema tem não se deve, em absoluto, as decisões estranhas e teses que praticamente concederam uma verdadeira inimputabilidade aos réus com poder aquisitivo elevado e que foram tão brilhantemente encampadas por Gilmar Mendes (com a desculpa da defesa dos direitos individuais). A luta pela redução do poder do Supremo Tribunal Federal também não é motivada pela suspeição lançada sobre o tribunal (quando os lacaios de Daniel Dantas afirmaram que, naquela corte, “tudo estava tranquilo e acertado para o banqueiro”). Aliás uma insinuação gravíssima que jamais foi investigada. Nem mesmo os gastos elevados e as despesas supérfluas foram a justificativa para a preocupação “cívica” dos nobres parlamentares.
A verdadeira causa da luta por “melhor fiscalização” e “menor poder” para o STF; tem uma justificativa bem plausível e que pode ser resumida numa única imagem aterrorizante para a maioria dos políticos brasileiros:
Isso mesmo. É este homem de ar compenetrado e que foi empossado no STF muito mais com a intenção de ser “o primeiro negro” na corte suprema brasileira e uma figura meramente ilustrativa para marcar “os avanços” da “raça”. Numa dessas visões de importância que “líderes” dos “movimentos raciais” dão a cor da pele das pessoas. Mas que acabou se convertendo no maior pesadelo dos corruptos e dos influentes e abastados.
Muito mais importante do que ser negro, branco ou verde; Joaquim Barbosa é um homem honesto e que “entende do riscado”. Tanto é que a animosidade demonstrada por Gilmar Mendes em relação à ele é muito mais antiga e calcada na mais pura inveja. Joaquim Barbosa sempre foi considerado mais capaz do que Mendes, sendo inclusive seu superior hierárquico nos tempos de Procuradoria da República.
Um homem “de peito” e que não se preocupa em agradar figuras influentes da política e da sociedade. Responsável pela “elevação” a condição de réus de vários políticos tarimbados e influentes, Joaquim Barbosa, converteu-se no verdadeiro terror dos corruptos e dos sangue-sugas que adoram uma boa e velha mamata.
Mas, afinal de contas, por que esse pessoal está tão preocupado com esse ministro carrancudo? Na realidade é bem simples, caro leitor: em 2010 Joaquim Barbosa será presidente do STF e sucederá o vetusto Gilmar Mendes.
Mais uma vez, basta aparecer um homem honesto e de honra, disposto a expor publicamente as mazelas das elites que dominam nossa política e nossa sociedade e que, ainda por cima, tem o poder e a coragem para usá-lo em prol da justiça verdadeira e do bem comum, para que as forças do atraso e do mal entrem em maquinações e em planejamentos mil para tentarem impedir que essas mazelas e seus autores sejam punidos.
O ministro Joaquim Barbosa será um verdadeiro “pé no saco” desse pessoal. Ele já vem tirando o sono de “muita gente boa” e que adora ser chamada de “vossa excelência”, enquanto mete a mão em gordas propinas e grandes comissões. É sempre ele que pega os casos mais “cabeludos” e complexos e o único que teve a coragem de enquadrar as figuras influentes no caso do mensalão.
Já passou da hora de nossa corte suprema recuperar a Hombridade (assim mesmo; com maiúscula) e a coragem de impor-se além e acima dos interesses de uma pequena elite e de ricaços pegos “de calças arriadas” pela lei.
Negro, branco ou verde; Joaquim Barbosa tem algo que anda meio sumido da vida pública brasileira. Algo que encanta e comove os corações mais céticos e mais endurecidos pela violência sem caráter da impunidade e da parcialidade que alguns juízes demonstram. Algo que todos deveríamos ter; mas que, ultimamente, se transformou num objeto raro e numa qualidade quase inatingível para a quase totalidade dos homens públicos brasileiros: Caráter e competência.
E isso, caro leitor, pode provocar arrepios de terror em muita gente boa.
Pense nisso.
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