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Onze mil vezes maior do que as explosões nucleares de Hiroshima e Nagasaki. Exatamente essa é a magnitude da energia liberada sobre o Japão pelo terremoto e pelas tsunamis que se seguiram. É impressionante como a tecnologia humana foi capaz de desenvolver meios para minimizar o número de vítimas (5.198 mortes confirmadas até agora e alguns milhares de desaparecidos).
Você pode se espantar ao me ver escrever “minimizar”. Mas, se levarmos em consideração a escala do desastre, fica fácil prever que o número de vítimas chegaria “brincando” a casa das dezenas ou centenas de milhares de mortos se o mesmo ocorresse em outro país menos capacitado ou mesmo aqui. Basta vermos os números terríveis (e abafados) das catástrofes na Região Serrana do Rio e no Sul do Brasil. Infinitamente inferiores em magnitude e que ultrapassaram (juntas) a casa dos milhares de mortos e desaparecidos.
Estaremos em perigo? Para que precisamos de usinas nucleares? Quais lições devem ser aprendidas com o desastre do Japão?
Poderíamos resumir tudo isso num único palavrão. Mas, nesse momento, o importante é levantar o debate e mostrar – ao contrário do que o governo quer fazer acreditar – o grande risco a que estamos expostos com nossas usinas.
Sim. Um grande perigo. Afinal de contas, como todo brasileiro sabe, não há obra feita nesse país que não tenha sofrido superfaturamento, desvios de materiais, substituição de componentes de alta qualidade por elementos mais baratos e de qualidade duvidosa – para que a diferença de preço vá para o bolso de alguém – e inúmeras outras irregularidades em relação à fiscalização, manutenção, etc…
Por isso mesmo, também fica claro para qualquer pessoa de bom senso, que estamos sentados numa possível bomba relógio esperando apenas o instante final para explodir e nos levar para os ares. Para começo de conversa, as usinas de Angra foram construídas com materiais e elementos estocados por décadas e abandonados em anos de atrasos, faltas de verbas e cancelamentos das obras. Depois, o local exato da construção das usinas fica diretamente sob as rotas de aviação comercial – já que ninguém avaliou a possibilidade de um desastre aéreo na usina – a região é propensa a deslizamentos de terra, enchentes e dispõe apenas de uma única estrada como rota de fuga ou resgate em caso de emergências. Também devemos levar em consideração que a estrada não dispõe de sinalização suficiente, telefones emergenciais, atendimento policial eficiente e nenhum abrigo de emergência.
Outro ponto interessante a se considerar nessa equação; é que grande parte do lixo nuclear brasileiro ainda aguarda estocagem definitiva e está “abandonado” em áreas impróprias e sujeito a ocorrências de acidentes e vazamentos.
Vimos claramente a falta de preparo, o descaso e a incompetência galopante das autoridades brasileiras diante de desastres de qualquer magnitude. Dotados de extrema inércia, nossas autoridades recusam-se a deixar seus confortáveis gabinetes até que seja possível tirar proveito máximo na mídia. Além disso, sejamos francos, a prevenção nunca foi o nosso forte e parte do nosso povo adora ignorar regras de segurança, normas de proteção, áreas restritas, roubar cabos, soltar balões, etc… O brasileiro padece do mal do “Deus ajuda”; ele nunca acha que algo ruim pode advir de uma ação sua e, se isso acontecer, “Deus” vai ajudar.
Há ainda o aspecto da necessidade dessas usinas. O Brasil tem um potencial enorme para geração de energia hidroelétrica, eólica, solar, marítima, por biomassa, por lixo urbano e por outros “n” elementos. A necessidade de reatores nucleares em nosso solo deveria restringir-se apenas a obtenção de elementos para uso em pesquisa e medicina; nada mais. Isso se refletiria em reatores pequenos e muito mais simples de lidar em caso de acidentes. Não há qualquer elemento que justifique os investimentos na ampliação de nosso programa de construção de usinas geradores da energia elétrica baseadas em fissão nuclear.
Simples assim.
Por fim, dói no coração ver uma das nações mais tecnologicamente avançadas do planeta ser posta de joelhos, diante do desastre iminente que se anuncia, e imaginar todo o sofrimento e toda tragédia de Chernobyl repetida em solo japonês (sem falar nas cidades japonesas irradiadas na Segunda Guerra). Isso me causa temores instintivos de ver o mesmo repetido aqui. Pois, fica a certeza de que as lições emanadas do desastre que atingiu o Japão serão solenemente ignoradas por nós e pelos responsáveis pela nossa proteção.
Pense nisso.
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