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A cada dia que passa, fica mais difícil para os pais educarem seus filhos em nosso país. Não falo das péssimas escolas públicas que temos; não falo das péssimas condições do sistema de saúde e nem da total incapacidade de toda a máquina pública para garantir, ao cidadão de bem, os direitos mais básicos para que ele viva, cresça e prospere com tranqüilidade.
A investigação da Polícia Federal sobre o mais novo escândalo de corrupção envolvendo parlamentares, sindicalistas e entidades não governamentais; é um belo exemplo disso. Um trabalho magistral e que interrompeu o fluxo e o acesso de carniceiros aos cofres do BNDES; expondo mais essa roubalheira cujos atores principais são elementos da vida política nacional. Já começa a receber críticas de “indignados e ofendidos” políticos.
Tal trabalho investigativo deveria ser exortado e elogiado, como parte de uma atuação sem igual de nossa Polícia Federal, e uma amostra clara e inequívoca de que neste país os ladrões agora devem tentar uma abordagem mais inteligente e bem elaborada. Já que as velhas negociatas grosseiras e descaradas, estão sendo facilmente desmascaradas.
Mas você leitor, pode estar se perguntando: “Mas como fica difícil? Se o trabalho da Polícia Federal é ótimo?”
Simples. Em nosso país, o cidadão de bem e os homens e mulheres de honra, devem ficar trancafiados em suas casas atrás das grades e de muros altos. Sofrendo todo o tipo de privações e “apertos” econômicos. Enquanto isso, os meliantes são ovacionados e tratados pelas respeitosas palavras: “Vossa Excelência”; enquanto roubam um pouco do nosso dinheiro suado.
Sim é verdade. Em nosso amado país, ser honesto é ser uma aberração. Um motivo de curiosidade e alvo de matérias sensacionalistas na televisão e nos jornais. Ser honesto no Brasil é ser exibido em praça pública e ter o rosto apontado por onde passa. É ser aclamado e aceito. Mas, secretamente, ser chamado de otário.
Por que esta fúria sarcástica?
Outra vez; muito simples. Ao ligar inequivocamente um conhecido lobista a quadrilha que lesava o BNDES e os cofres públicos, dando inclusive um claro flagrante de pagamento de propinas a parlamentares (que só não foram citados no inquérito para que, automaticamente, não incluíssem todos os investigados no mal fadado “foro privilegiado”); a investigação da Polícia Federal ao invés de ganhar elogios e de receber méritos por livrar nossa sociedade de corruptos e de fraudadores; foi tenazmente atacada por uma figura que (teoricamente) deveria ser a mais interessada na limpeza do Congresso Nacional: O Presidente da Câmara dos Deputados; Arlindo Chinaglia.
Indignado, ele exige que o agente do serviço reservado da Polícia Federal seja desmascarado e oferecido em sacrifícios aos corruptos; por ter “violado o Congresso”. Chinaglia disse que a investigação ligando o lobista aos parlamentares que estariam envolvidos na fraude foi um “desrespeito” a Câmara dos Deputados. E insistiu na tese de que a Polícia Federal deveria avisar a direção da casa que enviaria um investigador para seguir o lobista. Sim, em nosso país, o criminoso deve ser avisado de que está sendo investigado. Como homem “honesto” que é; confessará seus crimes mesmo sabendo que estarão de olho nele.
Ora “nobre” presidente: Desrespeito é o constante e ininterrupto envolvimento de parlamentares com o crime e a fraude. Desrespeito é quando os insaciáveis políticos, não satisfeitos com os régios salários que lhe são pagos; mais as inúmeras benesses que desfrutam, ainda se acham no direto de se locupletar dos cargos para usufruírem suas posições destacadas em favor próprio. Desrespeito é conceder-se aumentos enormes de salário; para logo depois oferecer um percentual mísero aos aposentados; alegando que o país está sem recursos. Desrespeito é ouvir “vossa excelência” arvorar-se como defensor dos corruptos e dos escroques; quando o que o povo e os eleitores querem, é que eles sejam atirados ao cárcere e banidos da vida pública para sempre. Desrespeito é receber-se mais de R$ 100.000,00 mensais de salários e benefícios e trabalhar-se apenas três dias por semana. Desrespeito, nobre deputado, é saber que mais vale a honra de um bandido e de um corrupto; do que a de um cidadão de bem.
E você leitor; o que pensa disso?
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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