O dia de ontem (11/10) foi um dia de surpresas e espantos pelo país. O mais notável deles foi o pedido de afastamento por licença do presidente do senado Renan Calheiros. Apesar de afirmar que jamais deixaria a cadeira de presidente, o senador alagoano (isso até virou sinônimo de ofensa), viu-se em maus lençóis após a divulgação de que um de seus principais assessores tirava “uma onda” de 007 em cima de seus colegas. Como todos sabemos que a grande maioria tem o “rabo preso” e “deve na praça”, a revolta foi imediata. Os que o apoiavam visando benefícios futuros, rapidamente, retiraram seu apoio em vista do perigo real e imediato de terem sido investigados e serem possíveis moedas de troca num futuro campeonato de arremesso de bosta no ventilador.
Por sua vez, os que eram contra ele, acirraram ainda mais sua oposição e seu ódio; pois, certamente, seriam os alvos prioritários dos “agentes secretos alagoanos”. O próprio líder do DEM, já tinha sido perguntado sobre certos negócios escusos realizados por seu filho que, na realidade, seria um laranja dele. O desespero de Renan era tão grande que, as falcatruas, estavam engatilhadas para revelação.
Sem apoio e abandonado até por seu próprio partido, sua única saída foi pedir uma licença. Na vã tentativa de aplacar os ódios e voltar dentro de 45 dias com a “maré mais calma”. No entanto, tenho certeza que, para a presidência do senado, dificilmente ele retornará. E, como todo bom político, deu uma declaração mentirosa ao solicitar seu afastamento: “Na noite de hoje decidi me licenciar da presidência do Senado Federal pelo prazo de 45 dias, a fim de demonstrar de forma cabal e respeitosa à nação e a todos os ilustres senadores de que não precisaria do cargo de presidente do Senado Federal para me defender. Agindo assim, afasto de uma vez por todas o mais recente e injusto pretexto usado para tentar dar corpo às inconsistências das representações, enviadas sem qualquer indício ou prova ao Conselho de Ética do Senado Federal”, disse. “Com este meu gesto, que é unilateral, quero preservar a harmonia no Senado.”
Tadinho dele!
Paralelamente a isso, o país ria, achando engraçado, que um detento da cadeia de Perdões (?), interior de Minas Gerais, pedisse para ficar preso. Pois não tinha documentos, trabalho ou família. E que, se fosse solto, teria que voltar a mendicância e acabaria cometendo o mesmo crime de antes para poder sobreviver (ele foi preso por furtar COMIDA num mercadinho local). Ele é apenas mais um pobre. Seu nome também denuncia sua condição de pobre: Fabrício Crescêncio Marques.
Aliás, vemos o tempo todo brincadeiras a esse respeito à TV e rimos a valer com as situações vividas pelos pobres desse nosso país varonil. O inusitado pedido vem de um profundo conhecimento do que é passar fome. Do que um ser humano faz, se perder sua dignidade. Ele não sorriu, ele não debochou, ele não chamou ninguém de “Vossa Excelência” e muito menos ele roubou ou desviou milhões ou bilhões. Era apenas um faminto que roubou comida no desespero. E, no entanto, pede para continuar preso para que não seja obrigado a roubar novamente. Já que ali, na cadeia, ele tem comida, uma cama e trabalho. O que para muitos seria um inferno na terra, para ele é o paraíso; pois nada mais tem.
Agora você leitor deve dizer: Qual desses homens tem mais honra?