Esta semana está marcada a sessão parlamentar que julgará mais uma vez Renan Calheiros. A saída estratégica com sua “licença médica” deu o tempo que ele necessitava para sacramentar um “acerto” que garantisse sua permanência no mandato. Inacreditavelmente, após provas quase esmagadoras, algumas fornecidas por ele mesmo, como documentos fictícios e falsos, notas frias além de bens e rendimentos não declarados que depois “reapareceram” em suas declarações de renda. Mais uma vez “nossos representantes” preparam-se para abraçar a causa do corporativismo descarado e absolver Renan.
A sessão será aberta, graças às alterações de última hora no regimento. Mas, como o voto permanecerá secreto, a absolvição deve ser a “bola da vez” novamente. Afinal, protegidos pelo manto da impunidade que se tornou o “voto secreto”, Vossas Excelências darão vazão a toda sua capacidade interpretativa para garantir ao velho “Senhor dos Segredos” sua permanência no senado.
A perda da cadeira de presidente, é uma punição muito leve para alguém que lesou o país de forma tão descarada e acintosa. Fez de toda uma nação pais adotivos de sua prole ilegítima; bancando-a com dinheiro e mordomias conseguidas através de sua posição de parlamentar.
Temerosos de que Renan abra a boca, em uma possível vingança, seus companheiros dar-se-ão por satisfeitos em “mostrar ao povo” que retiraram o “corrupto” da Presidência do Senado. Assim, estariam “moralizando” a casa. O conceito de moralidade de um político brasileiro é, um tanto quanto, flexível. A preocupação deles com a sobriedade financeira e com os projetos de interesse nacional são tão tocantes que, facilmente, nos levam às lágrimas.
Um desses projetos importantes é o que aumenta o salário deles mesmo em mais de 50% logo após terem dado um “reajustezinho” de mais de 20% há poucos meses. Outro projeto de grande interesse nacional é o que aumenta a quantidade de vereadores nas Câmaras municipais pelo Brasil. Muito louvável. Afinal o desemprego anda grande e, nada melhor, do que empregar um pessoal.
Seria muito bom mesmo. Não fosse o fato de que dos mais de 4.000 municípios que existem em nosso país; apenas 20,5% conseguem se manter com suas próprias pernas. Os outros sobrevivem das verbas que são fornecidas pelo Governo Federal e pelos Estados. O que, por si só, já torna um absurdo não só a idéia do projeto; bem como a própria existência dessas cidades. Que são apenas grandes fontes de desvio de verba, corrupção e mamatas com os parlamentares locais e nacionais.
Apesar de parecer não ter nada haver com o caso Renan Calheiros, esses projetos mostram a cara de nossos políticos. Ao invés de manterem-se em vigilância, elaborando boas leis e promovendo o bem-estar de nossos cidadãos, estão única e exclusivamente, preocupados em conseguir cada vez mais vantagens e benesses. Inchando municípios deficitários e miseráveis, tornando-os reféns do poder central. Assim os transformando em quintais para autopromoção e negociatas.
Por isso mesmo, acredito plenamente na absolvição de Renan. Mesmo porque, ninguém esqueceu as ameaças veladas, e outras explícitas, ditas por ele. Sempre que confrontado por políticos “de peso”, apelava para a máxima: “Se eu falar…”
Como bem sabemos, de podridão, armações e irregularidades; nossos políticos entendem muito bem.
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