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Quando o “Visão Panorâmica” nasceu, no ano passado, era uma coluna no excelente site jornalístico Panorama Internacional do meu amigo Rodrigo Correia. E um fato interessante aconteceu aqui no Rio de Janeiro. Uma apreensão do IBAMA e da Polícia Federal de meia tonelada de camarões durante o período do “Defeso”. O artigo ressaltava a burrice de certos setores empresariais que mesmo dependendo exclusivamente de um produto finito e de alto valor comercial, teimam em explorá-lo de forma predatória até a total extinção de sua fonte de sobrevivência. O artigo era: “O INCRÍVEL, O FANTÁSTICO, O EXTRAÓRDINÁRIO E A BURRICE HUMANA”.
Pois é, muito tempo se passou desde então, mas os empresários brasileiros continuam a dar claros exemplos de que são inescrupulosos e idiotas. Sim; absoluta e completamente idiotas. Afinal, se você tem uma mercadoria que todo mundo precisa, um bom preço e consegue um cliente de alta importância e enorme poder de compra; o que você faz:
a) Trata-o com carinhos, juras de amor e afagos?
b) Faz de tudo para atender a suas menores vontades e atende a qualquer desejo dele?
c) Cospe na cara dele e depois de fechar o negócio troca o produto de qualidade por uma porcaria qualquer achando que todos são imbecis desmemoriados e só você é o “esperto”?
A opção “C” tem sido adotada freqüentemente por nossos empresários. Quando estourou o problema do embargo europeu a nossa carne, choveram acusações dos pecuaristas e dos frigoríficos, encampadas pelo governo, de que a medida era uma “farsa protecionista” armada pelos europeus, apenas para protegerem seus criadores locais e manter seu “cartel subsidiado”.
Como sempre, acreditando em seu quadro funcional de “alta competência” e “honestidade além de qualquer prova”, o governo abraçou a briga pela carne nacional e fez menção de partir para o confronto, via organismos internacionais.
Para surpresa geral da nação, o ministro foi obrigado ontem (13/02) a assumir publicamente que o Brasil vendeu mesmo carne “fora dos padrões” e “não rastreada” para a Comunidade Européia. O famoso “Boi Paraguaio”.
Ora ministro! Com os freqüentes casos de leite com soda cáustica, fiscais envolvidos com tráfico de drogas, doleiros, e os inúmeros outros casos na Previdência Social e na Receita Federal. Confiar que a fiscalização é feita de forma correta e “isenta” pelos fiscais do governo é, no mínimo, uma infantilidade.
A corrupção, o favorecimento ilícito, a cumplicidade e as mamatas atingem a classe dos fiscais brasileiros não é de hoje. É clássica e publicamente conhecida a forma como muitos vivem além de suas posses em mansões imperiais, alguns gastam num fim de semana, mais do que ganham num mês. Só não vê quem não quer. Afinal, rabo preso é o que não falta.
Vender “gado paraguaio” para a Europa apenas para ganhar “mais uns cobres”; é a visão típica que nossos empresários aplicam no mercado interno. O “Vale Tudo”, a “Lei de Gérson” e o “Jeitinho Brasileiro”, são aplicados constantemente nos consumidores brasileiros sem que o governo faça qualquer coisa para impedi-los. A diferença básica e simples, é que aqui, a mente escrava impera. E o brasileiro acha que, mesmo o que paga, lhe é dado por “favor” e como “benesse”, por um ser místico e inatingível. Seja governo ou empresário. E, lá nas “Zoropa”, a coisa é “mais embaixo”. Afinal, um povo culto e esclarecido quer consumir sempre pelo que pagou e não por produtos de qualidade “inferior da mais barata”.
E você leitor; o que acha?
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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