Quando você está por baixo; o que você faz? Fica “na sua” e espera a “maré baixar” para ver se a situação muda, e sua “bola volta a ficar cheia” não é? Até existe um ditado nos meios corporativos que diz: “Em época de cortes, é melhor ficar invisível”. Simples, mas eficaz, “desaparecer” de cena, normalmente, é a tática adotada para quem quer “virar” a situação ou simplesmente quer ser esquecido pelo público ou pelos cortes.
Mas esse não parece ser o caso do ex-Ministro José Dirceu. Diferentemente de seus companheiros acusados no caso do mensalão; ele volta e meia teima em povoar o cenário político nacional protagonizando gafes homéricas e desmentindo declarações que ele diz “terem colocado em sua boca”. Certamente está aí um homem que tem talento mais do que notável para mancadas. Um verdadeiro “pára-raios de maluco”.
Quando estourou o escândalo do mensalão e perderam seus mandatos, a maioria dos acusados foi tragada pela terra e ficou em estado de hibernação até que conseguissem, nas próximas eleições, voltarem protegidos pelo famigerado “foro privilegiado”. Mas, José Dirceu não. Plenamente convencido de que seria reconduzido ao parlamento pelos braços do povo em apoteose mediúnica; ele continuou buscando aparecer e estar em evidência: Fazia palestras em faculdades, dava entrevistas bombásticas em jornais, revistas e canais de televisão, etc… Enfim, apregoava aos quatro cantos sua inocência e agia como se fosse alguém injustiçado.
Até que fosse. Como ainda não foi julgado ou condenado, é inocente até que se prove o contrário. Mas em matéria de gafes e mancadas ele é culpado até o último fio de cabelo: Já foi atacado com ovos e vaias em palestras, em comícios, e em outros lugares que continuou freqüentando. Deu declarações num programa de televisão a respeito do grupo de autoridades envolvidas com o mensalão e depois disse que nada falou; e por aí vai.
A nova polêmica, foi criada após uma entrevista dada à revista Piauí, onde José Dirceu teria afirmado que o PT do Rio Grande do Sul comprou sua sede através de recursos de “caixa dois”. E que haviam “rolado” malas de dinheiro na transação. Nem bem a revista saiu e a confusão generalizada tomou conta das cabeças petistas. O problema foi tão grande que o ex-ministro estaria sendo intimado a depor sobre suas declarações. Rapidamente, ele apressou-se a desmentir tudo. Disse que “não era bem isso”. Que “estava sendo sarcástico” com o pessoal do PT gaúcho que não o apoiara durante sua provação; mesmo após ter recebido seu apoio no caso da investigação do “caixa dois”. Ainda sem pensar, teceu comentários sobre Lulinha (o filho do presidente), que depois afirmou referirem-se a um empresário que tem o mesmo apelido, mas que não era o filho do presidente.
A verdadeira lambança só acabou quando ele, não satisfeito, declarou que a ex-senadora Heloísa Helena votou contra a cassação do ex-Senador Luiz Estevão. A baixinha, que não é boba nem nada, apesar de usar sempre a mesma blusa, disparou xingamentos contra ele e ameaça processá-lo.
Pois é, para quem deveria torcer para ser esquecido e buscar a obscuridade curativa, com vista a um ressurgimento político futuro, José Dirceu, parece ter-se especializado em micos que ridicularizam e avacalham mais ainda sua imagem. Esperar que acreditemos que suas declarações foram distorcidas pela repórter e desdizer o que disse, é esperar que essas desculpas maltrapilhas transformem-se em verdades universais e é ridículo. Em sua costumeira arrogância, José Dirceu tenta, sutilmente, tragar para o mesmo poço em que se encontra; as pessoas que o desagradaram ou tornaram-se suas desafetas. Mas acaba pateticamente, fazendo sempre papel de palhaço.
E você, acredita nele?