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A educação pública de base e média no Brasil é uma farsa. Desde os últimos estertores da ditadura militar e de forma mais intensa após a “democratização” do país; vemos a escola pública brasileira ser sistematicamente destruída, governo após governo.
Soluções mirabolantes e “estudiosos” em excesso fizeram do ensino público brasileiro uma das piores coisas já vistas. O que deixa qualquer um perplexo quando, sem forçar muito pela memória, lembramos que há bem pouco tempo atrás (cerca de 30 a 40 anos) a educação fornecida pelo Estado Brasileiro era uma das melhores do planeta. Você pode até argumentar que trinta ou quarenta anos é muito tempo. Mas se considerarmos essa faixa de tempo sob o ponto de vista de políticas nacionais; chegaremos à conclusão de que isso é um espaço curto para um serviço considerado excelência; acabar como uma farsa e uma fonte de “zumbis intelectuais” que sabem apenas repetir o que decoram e a desenhar o próprio nome e algumas letras.
Muito mais que a baixa remuneração dos professores; a péssima qualidade da educação pública brasileira, que já formou inúmeros intelectuais de destaque mundial em diversas áreas da cultura e das ciências, tem suas causas em políticas cuidadosamente pensadas e aplicadas para que ela assim terminasse.
E exemplos dessas políticas não faltam:
A aprovação automática: Retira do aluno a responsabilidade de aprender e do professor a de ensinar. A concessão de verbas vinculadas à quantidade de crianças no ensino e não focada nos resultados. A redução de verbas quando crianças de uma determinada faixa etária se encontram em séries que, teoricamente, seriam inferiores a sua idade. A incrível ausência da obrigatoriedade de diploma para os mestres que criou a figura do “professor leigo”. A ausência da obrigatoriedade do fornecimento de material de apoio para todas as matérias e da criação do quadro de professores substitutos. A ausência sistemática dos “cursos de reforço” ou apoio educacional aos alunos menos avançados. E muito mais…
A aprovação automática caiu como uma “chuva dourada” sobre os prefeitos e governadores. Pois assim, as crianças passam pelas séries sem interrupção e mantém sempre a mesma quantidade de vagas disponíveis em cada série. O que elimina a necessidade da construção de novas vagas na mesma velocidade do crescimento populacional e a necessidade das aulas de reforço e de apoio. Economizando rios de verbas que, geralmente, vão para a publicidade ou para projetos pessoais e “mais importantes”.
A não exigência de professores com nível superior ou, em muitos casos, até mesmo um simples diploma do antigo normal (desconheço o nome que é dado hoje). Isso criou a figura do professor leigo que deixou de ser apenas uma fonte de reforço escolar e de apoio para as crianças com dificuldades, para ser o professor efetivado e dominar o ensino básico em muitas cidades brasileiras. Garantindo assim a validade “moral” de uma baixa remuneração.
E, o mais cruel de tudo, é que o político brasileiro percebeu que a maioria da população se sente feliz e tranqüila apenas pelo fato de suas crianças “sabem assinar o nome”. E compreenderam que uma população instruída e capaz de um raciocínio de alto nível era algo altamente pernicioso para seus propósitos. E que, por outro lado, uma população incapaz de perceber e interpretar informações complexas e de evoluir intelectualmente; estaria para sempre vinculada a programas sociais e refém do círculo aprisionador da pobreza e da miséria. Tornando-a presa fácil para os salvadores da pátria que se multiplicaram no Brasil pós-ditadura.
Esses mesmos que hoje idolatram a educação e dizem ser ela a salvadora do país; são os mesmos que, ao assumirem o poder, perpetuarão essas políticas equivocadas e perniciosas; lançando ainda mais nossas crianças no obscurantismo e na ignorância.
O resultado está aí: Os índices oficiais relatam uma melhoria “espantosa” no ensino público brasileiro e nos estudantes que dele saem. Mas a realidade é cruel e adora desmascarar farsas bem montadas. Basta uma avaliação simples e rápida e os resultados falam por si: A maioria das crianças QUE ESTÃO NAS ESCOLAS são analfabetas, semi-analfabetas ou analfabetas funcionais.
Qual futuro profissional aguarda essa e as próximas gerações de crianças formadas nas escolas brasileiras? Quais opções de vida terão as meninas e os meninos que sequer conseguem entender pequenos textos ou realizar cálculos básicos?
O futuro da educação brasileira, se nada for feito, será obscuro e aterrorizante.
Pense nisso.
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