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Moço; dá uma esmolinha aí?
A maneira mais fácil de “tirar algum” de alguém, é disfarçar o roubo em uma boa ação. Assim estelionatários de todos os credos, raças e condição financeira se valem da boa fé; da religiosidade e do medo do inferno (rs) que o brasileiro tem, para surrupiarem os caraminguás suados que o trabalhador consegue ganhar com seu trabalho.
Mendigos profissionais, padres, pastores, bispos e “bispas” se unem na maratona da fortuna. Onde quem fica para trás é o pobre coitado do “Zé Povinho”. Mesmo com a chuva de provas, quase diária, do enriquecimento desses salafráios e dos constantes flagrantes de sonegação, lavagem de dinheiro e desvios; isso não parece ser suficiente para levar a luz aos fiéis e as vítimas dessas sanguessugas.
Particularmente, não dou esmolas. Quando trabalhava no centro; uma mendiga habitava a marquise do prédio onde eu tirava o expediente. Vivia mendigando com um bebê de colo. Passava horas catando piolhos na criança e, lá pelo meio dia, preparava o almoço da horda numa lata de aço de vinte litros. Era deprimente. Eu sempre a ajudava com algo.
Num fim de semana que tive de trabalhar, ela e sua família, não estavam no “ponto” habitual. Perguntando pela rua, descobri que ela tinha ido para casa. Sim, isso mesmo. Ela “trabalhava” de segunda a sexta e folgava no fim de semana. No domingo à tarde, quando saí do trabalho; a vi chegar toda suja e esfarrapada, descendo de um reluzente Santana quatro portas juntamente com sua filha e o bebê. Depois que ela me viu, muito sem jeito, acabou revelando. Faturava de três a cinco mil por mês naquele ponto e tinha uma vila de casas em Campo Grande; carro do ano e várias outras propriedades: Era uma mendiga profissional. E ganhava mais do que eu (rs).
Um outro caso muito emblemático foi o da “Legião da Boa Vontade”; do tal de Paiva Neto. Processada há alguns anos por sonegação e desvio de dinheiro. Num esquema muito bem montado, eles tinham um gigantesco telemarketing que ligava para você e lhe pedia que “adotasse” uma criança sem lar. A criança realmente existia, e era atendida pela instituição; o problema era que centenas adotavam cada criança e o excesso de dinheiro arrecadado, ia para no bolso do Paiva Neto. E, logo depois, era muito bem gasto em mansões, aviões e carrões luxuosos.
Agora, a Polícia Federal em mais um brilhante trabalho, estoura um esquema que desviou milhões de reais dos cofres públicos. O qual funcionava desde 2004, envolvendo altos funcionários do conselho responsável pela fiscalização e concessão dos certificados de filantropia; advogados; empresários e funcionários públicos.
Infelizmente, rouba-se até dos que nada tem. Impede-se que projetos sérios e verdadeiros salvem vidas ou dêem novos rumos a milhões de jovens e adultos sem perspectiva; apenas para que uns poucos possam rechear seus bolsos. Roubar dinheiro público é um crime hediondo e abominável. Mas roubar de pessoas que necessitam de um socorro e que poderão morrer se aquela ajuda não chegar; é inominável. É um verdadeiro crime contra a humanidade, e deveria ter uma punição à altura. Infelizmente, sabemos muito bem que, os presos, logo serão indultados e poderão desfrutar livremente do que roubaram. Enquanto os famintos que necessitavam do dinheiro, continuarão a míngua e mergulhados no desespero.
Entidades Pilantrópicas como estas, deveriam ter seu patrimônio imediatamente tomado; bem como o de seus responsáveis. Mas, como em todo escândalo envolvendo altos funcionários e políticos, muito em breve ainda teremos que chamar os acusados de “Vossa Excelência”.
Com você leitor, a palavra.
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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