Para a psicopedagoga Maria Irene Maluf “quase todas as pessoas, mesmo as mais controladas, exasperam-se com os filhos vez ou outra, mas os pais devem sempre ter em mente que sua irritação está mais fundada nele próprio do que com o comportamento da criança e devem usar esta ocasião para refletir e ensinar e não para castigá-la, verbal ou fisicamente. Por si só, castigo físico apenas reprime e não ensina autodisciplina, não cria ou desenvolve o desejo de agir sempre certo”.
E complementa “quando se fala em disciplina quase sempre se tem em mente a questão do castigo, embora a palavra disciplina não esteja necessariamente ligada à punição. O significado mais importante relacionado à palavra disciplina, é o de instrução, de aprendizagem e autocontrole. A preocupação dos pais e portanto educadores, deve se prender primordialmente a educar o filho para que este desenvolva ao longo da infância, o autocontrole. E isso é feito através da aprendizagem de habilidades, que se adquirem por meio do estímulo à cópia de modelos comportamentais dos pais e da família. E não por agressão, autoridade ou ameaças.
Crianças são por natureza admiradoras de seus pais e ’discípulos’ naturais destes, o que resulta em uma responsabilidade muito grande para aqueles que não se comportam de um modo a despertar uma amorosa admiração de seus filhos.
A disciplina verdadeira e duradoura é criada por uma identificação contínua e profunda. Quando tal processo é supérfluo, baseado em modelos pouco fiéis a seus princípios, as crianças desenvolvem um autocontrole frágil e assim sempre precisarão de alguém que os regule, já que não sentirão a necessidade e nem a possibilidade de se controlar e agir certo em qualquer situação onde não sejam vigiados.
O castigo entra nesse ponto, onde a obediência é exigida e não o autocontrole, o que evidencia a crença dos pais de que a menos que seus filhos sejam forçados a fazer o que é conveniente para eles e para o momento, eles não o farão.
A punição acaba por tornar a criança menos cooperativa e aí se inicia um círculo vicioso, onde o adulto perde a paciência, o auto-respeito e o respeito pela criança e parte para a agressão física ou verbal, no desejo de reprimir o comportamento infantil.
O castigo não leva em conta a necessidade real de se dar a oportunidade à criança de agir bem, repensar seus atos, palavras e comportamentos, de se sentir amada e respeitada ao longo de seu crescimento. Uma palmada pode parecer pouca coisa a quem a dá, mas, com certeza, muito para quem a recebe, principalmente porque neste momento o respeito e a educação disciplinar passou longe dessa relação.
Com lei, sem lei ou apesar da lei que nos proíbe de darmos palmadas em nossos filhos, é fundamental lembrarmos que crianças crescem tendo seus pais como modelos e que a agressividade, física ou verbal, aponta a onipotência, a fragilidade e a insegurança dos adultos”.
ESPECIAL : EDUCAÇÃO……..
Disciplina sem palmadas